Renato Benvindo Frata é advogado, contabilista, professor universitário e presidente de honra da Academia de Letras e Artes de Paranavaí
Há um dito popular (do meu tempo de moleque) que diz: “quem conhece apenas o fubá, não sabe quem foi seu sabugo” ou, “quem vê cara, não vê coração”, para dizer que ambos significam que “a aparência não representa o verdadeiro conteúdo”.
Há também uma frase muito usada no Sul, que diz: “aquele fulano vale menos que um sabugo!” Para dizer que o sujeito a quem se refere, é um imprestável.
Mas, o que seria do milho se não houvesse o sabugo a sustentá-lo sob a casca?
O milho, se sabe, foi desenvolvido na região do México, na era pré-colombiana, há cerca de 6.000 anos, e seu nome científico é Zea mays, pertence à da família das gramíneas Poaceae e possui quase 12.000 espécies pelo mundo. É uma das mais populares plantas, especialmente pelo seu sustentáculo a quem denominamos ‘sabugo’ que se mantém sobre um talo e guarnece a semente nua e presa por uma base de sílica de onde recebe os componentes que o forma e faz crescer, agasalhada por ‘casca’ a quem denominamos palha.
Não é preciso dizer que o milho é um dos mais ricos alimentos naturais, ombreando com o trigo e o arroz nos alimentos. Todavia, não é sobre ele que gostaria de discorrer, mas de seu sabugo. Sim, esse de mil e uma utilidades, umas confessáveis, outras não – (mas dizíveis aos pés-de-ouvido).
Só quem tem cabelos brancos ou não os têm mais, serão capazes de entender que pobre o sabugo, sustentador dos caroços, serviu e serve de alimento para o gado quando triturado ou moído e misturado ao próprio milho, ou a outro vegetal como capins e leguminosas, e a nós vis mortais, o milho, a partir de seu fubá.
Vejam que interessante: também servem (em lugares desprovidos de conforto) como tampas de litros, garrafões etc., como boia (amarrados em sacos de lona) no transporte fluvial, como afiador de agulhas e até como papel higiênico na limpeza de traseiros, na ausência do utensílio macio de uso diário do banheiro.
O importante é saber que o simples sabugo, a quem desprezamos, possui tantos elementos como acetona, ácidos: acético, sulfúrico; álcoois: etílico, metílico, azul de toluidina; brometo de potássio, citrato de sódio, cloreto de bário e uma infinidade de compostos que serviriam, se aproveitados na bioquímica, para suprir a biociência com produtos de primeira linha no barateamento de medicamentos, por exemplo.
Quando se colhe o milho com máquinas, entretanto, – (acontece na maioria das lavouras) -, elas separam os grãos das folhas e sabugos os esparramando para seu aproveitamento como adubo, de onde nos leva a afirmar que nesse mundão de meu Deus: há mais utilidade em um sabugo a quem jocosamente desprezamos em pensamentos e palavras, de que possa imaginar nosso vão conhecimento.