O cenário ainda instável da economia brasileira, com alto endividamento das famílias, taxas de juros e inflação elevadas aliado ao volume de chuvas acima da média impactaram a venda de cimento. Em fevereiro, a comercialização do produto registrou recuo de 7,7% em relação ao mesmo mês de 2022, atingindo 4,4 milhões de toneladas vendidas, segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento – SNIC.
Ao se analisar o despacho de cimento por dia útil em fevereiro de 221 mil toneladas, verificou-se um aumento de 9,8% em comparação a janeiro e uma queda de 2,6% sobre mesmo mês do ano passado. No acumulado de janeiro a fevereiro foram vendidas 9,2 milhões de toneladas, recuo de 0,9% comparado ao mesmo período do ano passado.
Após a divulgação dos números do PIB¹ do quarto trimestre de 2022 mostrar uma atividade em desaceleração, com a economia encolhendo 0,2% em relação ao trimestre anterior, as projeções seguem ainda cautelosas. As expectativas com relação à inflação e à taxa de juros se deterioraram sinalizando um maior pessimismo do mercado.
A percepção de incerteza também é verificada na confiança dos consumidores, que caiu pelo segundo mês consecutivo, diante da percepção de piora da situação atual, que é mais sentida pelas famílias de menor poder aquisitivo.
Já na indústria, a confiança segue abalada pela desaceleração da demanda, acompanhada ainda de persistência dos elevados custos de insumos que pressionam a atividade.
Na construção o pessimismo presente no setor desde outubro diminuiu em fevereiro, liderado pelo segmento de Edificações, que reagiu de forma positiva a retomada das obras paralisadas e da reformulação do Programa Minha Casa Minha Vida, que prevê entregar 2 milhões de unidades até 2026.
A volta do MCMV é vista de forma bastante positiva pela indústria do cimento, que conta com soluções inovadoras para atender as obras públicas. O sistema construtivo que utiliza alvenaria estrutural e paredes de concreto moldadas no local da obra tem ganhado destaque devido à agilidade, competitividade, credibilidade da tecnologia e, ao trabalho que a indústria do cimento tem feito para propagá-lo.
“O mês de fevereiro marca a volta do programa Minha Casa, Minha Vida. Mesmo diante de um cenário econômico desfavorável, a indústria do cimento vislumbra um horizonte mais otimista com a retomada dos investimentos em programas habitacionais, pois ampliam as possibilidades do uso do produto em sistemas construtivos, como a parede de concreto. O déficit habitacional brasileiro é de cerca de 6 milhões de unidades e a sua redução passa por um robusto programa de governo”, avalia Paulo Camillo Penna, Presidente do SNIC.