REINALDO SILVA
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O desempenho do comércio de Paranavaí nos últimos meses gerou otimismo. Graças aos resultados positivos alcançados a partir do segundo semestre deste ano, foi possível projetar crescimento nas vendas de Natal em comparação com o mesmo período de 2020. Eram esperados de 5% a 8%, mas a variação chegou a 11,86%. O cálculo leva em conta o período de 1º a 25 de dezembro, num universo de 700 empresas vinculadas à Associação Comercial e Empresarial de Paranavaí (Aciap).
Para chegar ao índice de elevação, a Aciap considerou o volume de consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), utilizado pelas empresas para conhecer o perfil dos consumidores. O sistema de inteligência empresarial cruza uma série de dados sobre cada cliente e permite saber se tem débitos atrasados com outras empresas e se o nome está registrado no cadastro de inadimplentes. Também é possível identificar a capacidade de endividamento, com base na projeção de ganhos e gastos mensais.
De acordo com o gerente-executivo da Aciap, Carlos Henrique Scarabelli, são aproximadamente 700 informações sobre o comportamento comercial, indicando a pontuação dos consumidores, sejam pessoas físicas, sejam jurídicas. A partir daí, cabe à empresa definir se é seguro ou não finalizar as vendas. Em 2020, o SCPC teve 111.342 consultas. Em 2021, o número subiu para 115.119, variação de 3,28%.
Graças ao sistema de inteligência empresarial, foi possível identificar elevação no número de registros de dívidas. De 1º de janeiro a 25 de dezembro do ano passado, foram 12.967 inclusões. No mesmo período de 2021, os novos cadastros subiram para 14.051, ou seja, 8,35% a mais. Por outro lado, os valores dos débitos caíram de um ano para outro, passando de R$ 3.797.430,56 para R$ 3.401.886,55 – diferença de 10,40%.
Sempre que o consumidor paga as dívidas, o nome é retirado da lista de inadimplentes, processo conhecido como exclusão. Ainda considerando o prazo de 1º de janeiro a 25 de dezembro, a Aciap contabilizou 9.794 registros excluídos do SCPC em 2020 e 10.050 em 2021 – alta de 2,61%. O total de débitos caiu de R$ 2.024.023,65 para R$ 1.915.976,81 – variação de 1,69%.
Cautela – Apesar de os números indicarem a tendência de recuperação econômica, com maior consumo no comércio, o momento é de cautela. Segundo Scarabelli, há fatores que podem ser decisivos ao longo do próximo ano, por exemplo, o recrudescimento da pandemia de Covid-19 e as eleições para presidente da República. “Será um ano eleitoral pesado, polarizado, que poderá mexer com a economia. O mercado vai esperar o resultado para reagir.”
O gerente-executivo da Aciap cita outro problema que tem impacto direto sobre o desempenho econômico, a disparada dos preços. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial, fechou 2021 em 10,42%. É a maior taxa para um ano desde 2015, quando chegou a 10,71%. Em 2020, o IPCA-15 ficou em 4,23%, segundo informações da Agência Brasil.