Mesmo sem um tutor definido, os animais criam laços de afeto e dependência na comunidade em que vivem. Animais comunitários, como cães e gatos, também têm direito a cuidados e atenção. Bruno Alvarenga, professor de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), orienta o manejo adequado para acolher e proporcionar uma melhor para esse grupo. O especialista alerta: cuidar destes pets é uma responsabilidade compartilhada.
Segundo Alvarenga, os cuidados básicos com animais comunitários são semelhantes aos oferecidos aos animais domésticos. Alimentação balanceada, acesso à água limpa, vacinação e vermifugação periódicas. Também é importante identificar e tartar parasitas externos, como pulgas e carrapatos, que podem ser facilmente feito durante a manipulação dos animais. O especialista indica à comunidade comprar periodicamente medicações que previnem contra parasitas – podendo conferir proteção por até 90 dias.
Outro ponto levantado pelo Médico Veterinário do CEUB é que a desnutrição, percebida pela perda acentuada de massa muscular e costelas proeminentes, não está restrita à falta de comida, mas também à falta de nutrientes específicos na dieta. “Por exemplo, gatos não sintetizam taurina em seus corpos, sendo necessário seu fornecimento na dieta. O uso de rações próprias para cada espécie é a maneira mais segura de fornecer alimentação adequada”, aponta.
Ferimentos e traumas são situações não são incomuns com animais comunitários. Em ferimentos superficiais, Bruno sugere lavar a área com água e sabão, seguido por soro fisiológico. Segundo o especialista, além de procurar um atendimento veterinário, feridas abertas devem ser lavadas pelo menos duas vezes ao dia para evitar ovos de moscas. Nos casos de ferimentos graves ou animais que não permitem manipulação, deve-se buscar assistência de saúde para tratamento adequado.
O controle da população de animais comunitários é uma medida urgente, que deve ser feita por meio da esterilização de machos e fêmeas. O professor do CEUB esclarece que a castração pode ser realizada a baixo custo em unidades de ensino e por meio de programas dos governamentais, que disponibilizam inscrições periodicamente. “Cuidar dos animais comunitários é uma responsabilidade compartilhada. Com orientações adequadas e ação coletiva, é possível proporcionar uma vida mais saudável e digna para esses seres, que compartilham conosco os espaços urbanos”, completa o professor.
Abandono é crime – No Brasil, o abandono de animais foi tipificado como crime desde 1998, pela Lei 9.605/98. Em 2020, a Lei Federal 14.064/20 impôs pena de até cinco anos de prisão para tutores identificados nesse ato ilícito. No entanto, a penalidade é considerada relativamente leve quando comparada aos traumas que os animais abandonados podem sofrer. Pesquisa divulgada pelo Instituto Pet Brasil (IBP) a partir de dados de 400 organizações ONGs e grupos de protetores que atuam no acolhimento desses animais, o Brasil abriga 184.960 bichos em situação de abandono. Desse montante, 96% são cães e 4% correspondem a gatos.