REINALDO SILVA
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O deputado federal Zeca Dirceu (PT) demonstrou confiança na atuação política do governo junto ao Congresso Nacional. Em viagem a Paranavaí na última sexta-feira (29 de setembro), ele conversou rapidamente com o Diário do Noroeste e falou sobre comunicação, reforma tributária e política.
Líder do governo na Câmara dos Deputados, Zeca Dirceu considerou normal que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrente resistência entre os parlamentares, especialmente em razão do grande número de cadeiras ocupadas por representantes de partidos de direita, em tese, opositores. “Sabíamos que haveria dificuldade.”
O PL é um exemplo. O partido pelo qual o ex-presidente Jair Bolsonaro concorreu à reeleição em 2022 elegeu a maior bancada desta legislatura, com 99 deputados federais. A título de comparação, a federação PT-PCdoB-PV elegeu 80.
Mesmo assim, disse Zeca Dirceu, “tudo que o governo pediu está sendo aprovado”.
A expectativa é que ao longo desses quatro anos as relações com o Congresso Nacional se tornem cada vez mais pacíficas, à medida que as negociações políticas avancem. Nos sistemas democráticos, complementou Zeca Dirceu, é comum que o governo busque aproximação com parlamentares de outros partidos e conquiste aliados.
Reforma tributária – Durante a conversa com o DN, Zeca Dirceu comentou sobre a reforma tributária, que passou pela Câmara dos Deputados e agora esta em análise no Senado Federal.
A avaliação do petista é que a aprovação melhorou a confiança e o ânimo dos empresários, passaram a ver a economia de forma mais positiva. Mas é necessário que os senadores discutam o tema com mais celeridade, pontuou.
As mudanças simplificarão o sistema tributário tanto para os setores produtivos quanto para os consumidores. “Só vai ser ruim para quem sonega e frauda.”
Comunicação – Zeca Dirceu reconheceu que ainda há lacunas na maneira como os partidos de esquerda se comunicam com a população e apesar do progresso em relação a períodos anteriores, caso das eleições de 2014 e 2018, ainda não existem estratégias consolidadas. É preciso avançar mais nesse aspecto.
A diferença de alcance pode estar no conteúdo disseminado por grupos de direita e de esquerda, ponderou o deputado federal. “Mentira e ódio têm mais audiência. Não vamos mentir ou trabalhar com polêmica que não leva a lugar algum.”
A insistência em propagar notícias falsas não é a única preocupação de Zeca Dirceu. Ele também falou da postura agressiva de alguns políticos não somente nos discursos, como fisicamente.
Sergio Moro – A soma de fatores negativos, disse o petista, tem deixado parlamentares isolados – na Câmara e no Senado. Utilizou como exemplo o senador Sergio Moro, que, segundo Zeca Dirceu, enfrenta dificuldades no Legislativo, especialmente depois de terem sido creditadas a ele irregularidades na condução de ações enquanto era juiz federal no Paraná.
No caso mais recente, divulgado no final de setembro, Moro é indicado como mentor de uma operação de grampos ilegais para monitorar desembargadores, juízes e ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A opinião de Zeca Dirceu é que Sergio Moro deve ter o mandato cassado e ser preso por atentar contra o Judiciário e a democracia.
Pelas redes sociais, o senador paranaense negou que tenha orquestrado escutas ilegais. “Nenhum juiz ou magistrado do TRF4 [Tribunal Regional Federal da 4ª Região, com sede em Porto Alegre], STJ ou de qualquer outra Corte foi investigado com minha autorização. A inexistência de gravações de magistrados ou de medidas investigatórias conta eles é, aliás, reveladora da farsa”, disse Moro.
Com lideranças – Na sexta-feira, Zeca Dirceu conversou com prefeitos e lideranças do Noroeste do Paraná e debateu pautas de interesse regional. Na ocasião afirmou que Paranavaí tem todas as condições para receber o curso de Medicina. O edital que definirá os municípios credenciados está em fase de elaboração.
O deputado federal também se colocou à disposição para defender a duplicação do trecho da BR-376 de Paranavaí até a divisa com Mato Grosso do Sul, reivindicação de grupos de empresários e representantes da sociedade civil.