LEONARDO VIECELI
DA FOLHAPRESS
A taxa de desemprego no Brasil recuou para 7,8% no trimestre móvel encerrado em agosto, apontam dados divulgados nesta sexta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
É o menor patamar para esse trimestre desde 2014, quando a taxa estava em 7%. Considerando diferentes intervalos da série histórica, a desocupação está no nível mais baixo desde o período até fevereiro de 2015 (7,5%).
O novo resultado veio em linha com as estimativas do mercado financeiro. A mediana das projeções de analistas era de 7,8% até agosto, segundo a agência Bloomberg. A taxa estava em 8,3% no trimestre finalizado em maio, o mais recente da série histórica comparável do IBGE.
Com o novo resultado, a população considerada desempregada recuou para 8,4 milhões até agosto. A queda foi de 5,9% (ou menos 528 mil pessoas) em relação a maio (8,9 milhões). O novo número (8,4 milhões) é o menor para o trimestre até agosto desde 2014 (6,9 milhões).
Os dados integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). O levantamento abrange tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal desde os empregos com carteira assinada e CNPJ até os populares bicos.
No trimestre móvel até julho, que integra outra série da Pnad, a taxa de desemprego já marcava 7,9%. O número de desocupados estava em 8,5 milhões no mesmo período.
A população considerada desempregada pelas estatísticas oficiais é formada por pessoas de 14 anos ou mais que estão sem ocupação e que seguem à procura de oportunidades. Quem não está buscando vagas, mesmo sem ter emprego, não faz parte desse contingente.
A queda na desocupação foi influenciada pela alta no número de pessoas trabalhando, segundo Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.
A população ocupada com algum tipo de vaga chegou a 99,7 milhões no trimestre até agosto. O crescimento foi de 1,3% ante maio (ou 1,3 milhão a mais).
“Esse quadro favorável pelo lado da ocupação é o que permite a redução do número de pessoas que procuram trabalho”, disse Beringuy.
O IBGE destacou o desempenho da ocupação em três atividades no trimestre até agosto. Em termos proporcionais, a maior variação ante maio foi de serviços domésticos. A alta chegou a 2,9%, o que significa um incremento de 164 mil pessoas ocupadas.
Em seguida, veio o grupo de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, com alta de 2,4% (ou mais 422 mil pessoas), principalmente na área da saúde e da educação pública.
O trio ainda é composto pelas atividades de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, que registraram expansão de 2,3% (mais 275 mil pessoas ocupadas).
“No geral, houve resultado positivo também porque nenhum outro grupo registrou perda estatística de trabalhadores. Mas esses três grupamentos, em especial, contribuíram no processo de absorção de trabalhadores”, afirmou Beringuy.
Renda média fica estável, e massa salarial bate recorde – A renda média habitual do trabalho foi de R$ 2.947 no trimestre até agosto. Isso significa uma relativa estabilidade frente a maio (R$ 2.914), conforme o IBGE. O indicador estima quanto, em média, cada trabalhador recebe nas suas atividades profissionais.
A massa de rendimento real habitual, por sua vez, chegou a R$ 288,9 bilhões no trimestre até agosto. Assim, bateu recorde na série histórica iniciada em 2012.
O crescimento da massa foi de 2,4% frente ao trimestre anterior. Esse indicador é conhecido como a soma dos salários recebidos pelos trabalhadores. “A massa cresce porque tem mais gente trabalhando”, disse Beringuy.
Avanço de vagas com e sem carteira – A Pnad ainda sinaliza que o trimestre encerrado em agosto apresentou expansão na quantidade de trabalhadores tanto no segmento formal quanto no informal.
O número de empregados com carteira de trabalho no setor privado (excluindo trabalhadores domésticos) foi de 37,2 milhões, o maior desde fevereiro de 2015 (37,3 milhões). Essa quantidade significa alta de 1,1% ante maio (ou mais 422 mil).
O número de empregados sem carteira no setor privado (13,2 milhões) cresceu 2,1% no trimestre (mais 266 mil pessoas).
Já a população subocupada por insuficiência de horas trabalhadas aumentou 3,9% (mais 199 mil pessoas) no trimestre e chegou a 5,3 milhões. Contudo, houve queda de 17,3% (menos 1,1 milhão) em relação a igual período do ano passado.
A parcela dos subocupados inclui profissionais que trabalham menos de 40 horas semanais e gostariam de atuar por mais tempo.
Ainda de acordo com o IBGE, a população fora da força de trabalho foi de 66,8 milhões até agosto. Houve queda de 0,5% ante o trimestre anterior (menos 347 mil pessoas) e aumento de 3,4% (mais 2,2 milhões) na comparação anual.
A população fora da força de trabalho é formada por quem não é considerado desempregado nem ocupado. Trata-se de um indicador de inatividade.
Os dados divulgados nesta sexta ainda não refletem possíveis impactos do Censo Demográfico 2022. A contagem da população é a base para a atualização da amostra utilizada na Pnad.
O Censo contabilizou uma população de 203,1 milhões no Brasil até 31 de julho de 2022. O número ficou abaixo das projeções anteriores do IBGE. A estimativa da Pnad até julho do ano passado, por exemplo, era de 214,1 milhões de pessoas.
Segundo especialistas, a diferença pode gerar revisões nos indicadores de emprego e desemprego, mas isso depende dos dados do Censo sobre a população por sexo e faixa etária, ainda não divulgados pelo IBGE. Esses detalhamentos são necessários para a definição da amostra da Pnad.