(44) 3421-4050 / (44) 99177-4050

Mais notícias...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Mais notícias...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Compartilhe:

NEGÓCIOS

Petrobras propõe mudança no estatuto que relaxa governança, e ações desabam

NICOLA PAMPLONA

DA FOLHAPRESS

Temores de maior ingerência política e redução de dividendos com proposta de alteração no estatuto da Petrobras derrubaram as ações da estatal nesta segunda-feira (23). Os papéis caíram 6,60% e a empresa perdeu R$ 32,3 bilhões em valor de mercado.

A mudança foi anunciada sem muitos detalhes na manhã desta segunda. Em comunicado, a Petrobras disse que seu conselho de administração aprovou alterações em sua política de indicação de executivos e a criação de uma reserva de remuneração do capital.

Os quatro conselheiros que representam acionistas minoritários da estatal votaram contra a mudança na política de indicações, alegando que ela abre portas para indicações políticas. Mas perderam a disputa, já que os indicados pelo governo formam maioria e votaram em peso a favor.

A reportagem apurou que a proposta de mudança na política de indicações foi levada pelo presidente do conselho, o secretário de Petróleo e Gás do MME (Ministério de Minas e Energia), Pietro Mendes, e não chegou a ser analisada pela área de governança da estatal.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, questionou a votação do tema sem análise prévia e se absteve de votar.

Mendes teve sua nomeação contestada por parecer interno da estatal, que via possibilidade de conflito de interesses entre suas atividades no ministério e recomendou sua renúncia ao posto na administração federal. Seu colega no MME Efrain Cruz também teve a nomeação questionada.

Na eleição, o governo alegou que “não corrobora com manifestações de caráter meramente opinativo” dos órgãos de governança e que parecer do MME não encontrou vedações a indicações ao conselho. Defendeu ainda que liminar do STF (Supremo Tribunal Federal) havia suspendido as vedações.

Segundo a nota distribuída pela Petrobras nesta segunda, a mudança teria o objetivo de adequar a política de indicações da companhia à interpretação da liminar do ministro do STF Ricardo Lewandowski, mesmo que o tema ainda não tenha sido debatido em plenário.

“A proposta abre caminho para a nomeação de pessoas expostas politicamente”, escreveram analistas do banco Goldman Sachs. “Víamos o estatuto da Petrobras como uma camada adicional de proteção contra intervenção na companhia.

A União é hoje ré em dois processos na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por nomear para o conselho da Petrobras executivos que haviam sido rejeitados por comitês internos a partir de vedações previstas na Lei das Estatais.

O primeiro caso ocorreu no governo Jair Bolsonaro, que elegeu para o conselho Jônathas Assunção e Ricardo Soriano, quando ocupavam os cargos de secretário-executivo da Casa Civil e de procurador-geral da Fazenda Nacional.

A Petrobras afirmou também nesta segunda que vai explicitar em seu estatuto que, “para a investidura em cargo de administração, a Companhia somente considerará hipóteses de conflito de interesses formal nos casos expressamente previstos em lei”.

A estatal diz que a criação da reserva tem por objetivo “assegurar recursos para o pagamento de dividendos, juros sobre o capital próprio, suas antecipações, recompras de ações autorizadas por lei, absorção de prejuízos e, como finalidade remanescente, incorporação ao capital social”.

A empresa ressalta que sua política de dividendos, que prevê a distribuição de 45% do fluxo de caixa livre, permanece em vigor, mas a avaliação de analistas é que a reserva pode reduzir a possibilidade de distribuição de dividendos extraordinários.

“Com a criação da nova ferramenta financeira, o montante efetivamente distribuído poderá ser sensivelmente inferior ou até mesmo extinto a depender do seu tamanho”, disse, em nota, a Ativa Investimentos.

As medidas ainda precisam de aprovação pela assembleia de acionistas da companhia, sem data marcada. Mas, com maioria do capital votante, o governo consegue aprovar qualquer proposta.

A Petrobras ainda não respondeu a pedido de entrevista.

Compartilhe: