Em setembro de 2023, o volume de serviços no Brasil caiu 0,3% em comparação ao mês anterior, na série com ajuste sazonal. Essa é a segunda queda consecutiva do indicador, ainda que em menor grau. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Comparado a setembro de 2022, na série sem ajuste sazonal, houve uma queda de 1,2% no volume de serviços, interrompendo uma sequência de 30 taxas positivas seguidas. De acordo com o economista Luigi Mauri, esse resultado mostra um fator orgânico em relação ao índice. “O indicador ainda se encontra em nível superior ao da pré-pandemia [fevereiro de 2020], mas 2,5% abaixo de dezembro de 2022, que foi o pico de variação do setor de serviços”, aponta.
A queda do volume de serviços foi puxada por serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%), informação e comunicação (-0,7%) e transportes (-0,2%). Mauri explica que a variação negativa observada no transporte está relacionada à alta das passagens aéreas, impactando consideravelmente esse setor.
Alguns setores registraram crescimento, como os serviços prestados às famílias (3,0%) que recuperou quase toda a queda que registrou em agosto (-3,7%). O indicador de outros serviços também aumentou (0,8%), após ter apresentado redução durante três meses seguidos.
Além disso, o índice de atividades turísticas registrou expansão de 1,5% na comparação com o mês anterior, após queda de 1,4% em agosto. Com isso, o segmento de turismo se encontra 6,1% acima do nível pré-pandemia e 1,4% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014.
Luigi Mauri destaca que o festival de música The Town, realizado na capital paulista em setembro, foi um fator específico que influenciou o índice. “A grande maioria teve um resultado negativo de fato, mas o resultado positivo que houve foi bastante influenciado pelo show, que é capaz de movimentar prestações de serviços”, completa.
Expectativas para os próximos meses
Mauri explica que se pode esperar uma possível alta para o setor de serviços nos próximos meses devido à Black Friday e feriados de final de ano.
Ele ainda aponta que devido ao resultado levemente negativo em setembro e consideravelmente negativo em agosto, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) para o terceiro trimestre pode ser menor que o esperado. “A economia brasileira, diferente de países desenvolvidos, é muito impactada pelo resultado do setor primário, ou seja, pelo resultado do que acontece na agricultura e pecuária, que tem um grande potencial de influência sobre o resultado do PIB”, explica.
Dessa forma, o setor de serviços brasileiro comparado ao de países em desenvolvimento tem uma menor proporção. Ele avalia que resultados tanto positivos quanto negativos desse setor têm uma capacidade reduzida de influência sobre o resultado do PIB, o que pode indicar que não seja um motivo de grandes preocupações a leve queda em setembro.
O economista César Bergo também aponta que a expectativa para os próximos meses são positivas. “Existe um aspecto sazonal, os meses de novembro e dezembro têm uma atividade maior no segmento de serviço. Isso deve acontecer esse ano também e mostrar números melhores do que de setembro”, informa.
Bergo também aponta que a queda da inflação e da taxa de juros devem refletir positivamente na recuperação do setor de serviços.
Fonte: Brasil 61