Os paranaenses encerraram 2023 um pouco menos endividados do que quando o ano começou: 91,7% das famílias do estado possuíam algum tipo de dívida em dezembro. Em janeiro, 96,4% declaravam ter débitos a vencer – no cartão de crédito, carnês ou prestações da casa ou carro. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR).
Na média anual, o endividamento atingiu 94% dos paranaenses, colocando-os na primeira posição do ranking nacional dos mais endividados do país. Ao longo do ano, os paranaenses intercalaram o topo da lista com os gaúchos, no período de março a junho, e, em julho, com os mineiros. Nos demais meses de 2023 a população do Paraná recorreu com frequência ao crédito.
O coordenador de Desenvolvimento Empresarial da Fecomércio PR, Rodrigo Schmidt, enfatiza que o endividamento não deve ser confundido com inadimplência. “Existem dívidas adimplentes e inadimplentes. A utilização do crédito através de compras parceladas contribui para o consumo das famílias. Mas a inadimplência é um problema para o comércio, consumidores e instituições que fornecem o crédito. Por mais que os paranaenses tenham recorrido bastante ao crédito em 2023, gerando endividamento, eles têm feito os pagamentos em dia”, destaca.
É o que demonstram os números. No Paraná, apenas 14,9% dos endividados possuíam contas em atraso em dezembro, mantendo o estado na 25ª posição no ranking nacional da inadimplência. A primeira posição ficou com o Rio Grande do Norte, onde mais da metade dos endividados (55,9%) está inadimplente. Já o percentual de paranaenses que reconhece não ter condições de quitar seus compromissos financeiros correspondeu a 5,1% em dezembro.
Faixa de rendimentos – O endividamento começou a cair a partir de agosto no estado, sobretudo pela redução das dívidas entre as famílias com renda mensal superior a dez salários mínimos. Essas encerraram 2023 com endividamento na casa dos 92,9%. Mas, nos meses de junho e julho, a parcela de endividados chegou a 97,6% nessa faixa de rendimentos. Já entre as famílias com renda de até dez salários mínimos o endividamento foi mais contido e estável ao longo do ano, com ápice de 94,5% em julho, encerrando dezembro com 91,5%.
Tipo de dívida – O cartão de crédito foi o principal motivo do endividamento dos paranaenses ao longo de 2023. Em dezembro, concentrou 85,7% das dívidas. Por isso a Fecomércio PR vê como positiva a recente decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) que impôs o limite de 100% ao ano para os juros do crédito rotativo e que já se encontra em vigor.
O cartão de crédito é o tipo de dívida mais recorrente entre os brasileiros e foi a modalidade de dívida que mais cresceu depois da pandemia. Até então, as taxas de juros para quem não pagasse a fatura em dia ultrapassavam 440% ao ano. Segundo o coordenador de Desenvolvimento Empresarial da Fecomércio PR, a medida será benéfica para os paranaenses, já que são os mais endividados do país e o cartão concentra a maior parte das dívidas.
“Ainda que o paranaense seja considerado bom pagador, é muito difícil para a parcela da população que acaba atrasando o pagamento da fatura do cartão conseguir restabelecer o patamar de solvência e, principalmente, o nível de consumo. A decisão do Conselho Monetário Nacional minimiza a questão dos altos juros do crédito rotativo”, avalia Schmidt.
O financiamento de veículo correspondeu a 8,6% das dívidas em dezembro, seguido do financiamento de casa, com 5,8%. No decorrer do ano esses dois últimos fatores se alternaram, com predominância das dívidas motivadas pela prestação de automóvel.