FÁBIO MUNHOZ E RUBENS CAVALLARI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A alta nos preços dos alimentos em 2021 deverá fazer com que as famílias brasileiras optem por preparar ceias de fim de ano mais baratas do que estavam acostumadas a fazer. Segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), os alimentos tiveram uma alta acumulada de 11,71% em 12 meses em todo o país.
Segundo a consultoria Kantar, 13,6% dos lares fizeram a ceia em 2020 só com carnes típicas das comemorações de fim de ano, como chester e peru, por exemplo. No ano anterior, esse percentual era de 22,5%.
A fatia de famílias que misturaram as proteínas comemorativas com carnes do dia a dia subiu de 33% para 40% de 2019 para 2020. “O que vai diminuir são as comemorações onde só tem chester, peru ou uma ave especial. Elas até vão estar presentes, mas em conjunto com outras proteínas, como linguiça, suínos, bovinos ou peixes”, comenta Bruno Machado, gerente sênior de contas da Kantar.
Segundo Machado, a crise também deverá refletir nos presentes trocados entre familiares e amigos. “Talvez não necessariamente as pessoas presenteiem menos, mas deem presentes mais acessíveis.”
“Muita coisa vai mudar na ceia deste ano. A coisa está feia. O pernil vai ter, mas vai diminuir. E, no lugar do peru, vai ter galinha”, comenta o aposentado Alfrânio Moura da Silva, 61 anos.
Para conseguir fazer com que a ceia caiba no orçamento, a dona de casa Elizabeth Antunes, 49 anos, já começou a olhar os preços, faltando pouco mais de um mês para o Natal. “Estou pesquisando para ver se consigo manter as mesmas coisas dos anos anteriores”, diz.
Morador de Curitiba (PR), o chefe de cozinha Waldemar Santos, 61 anos, possui uma empresa que faz ceias para grupos fechados. “O peru não pode faltar. O cardápio será o mesmo, mas infelizmente tivemos que aumentar o preço em cerca de 40% para repassar a alta dos insumos.”
Funcionário de uma loja no Mercado Municipal Paulistano, no centro de São Paulo, Valter da Costa, 79 anos, afirma que a procura pelo bacalhau caiu cerca de 30% em relação a 2019, quando ainda não havia pandemia. “Como são produtos importados, o dólar elevado faz com que o preço suba muito. O pessoal vai acabar optando por peixe fresco”, avalia o profissional.
Proprietário de um açougue no Mercadão, o empresário Sílvio de Oliveira, 50 anos, concorda com a mudança nos hábitos de consumo para as ceias, principalmente em relação às carnes. “As famílias continuam comprando, mas em quantidades menores. O pernil, por exemplo, a gente vendia inteiro. Hoje estão comprando mais o fatiado”, diz.
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