Marcos Benicio se encantou pelo instrumento ainda na infância e hoje emociona com suas apresentações
Cibele Chacon – da redação
Desde os 3 anos de idade, Marcos Benicio do Nascimento Trevisan, de Paranavaí, mantém uma conexão especial com o berrante. O adolescente, hoje com 14 anos, descobriu sua paixão após assistir repetidamente o filme Menino da Porteira, estrelado pelo cantor Daniel. “Eu tinha 2 anos de idade quando vi o filme pela primeira vez e fiquei fascinado. Quando fiz 3 anos, ganhei meu primeiro berrante pequeno e comecei a tocar”, relembra.
Diferente de muitas crianças que escolhem instrumentos mais convencionais, Marcos encontrou no berrante uma forma de expressar sua paixão pelo mundo da pecuária e pelos profissionais de rodeio. “Aprendi sozinho, fui pegando o jeito e nunca sofri preconceito. Muito pelo contrário, sempre fui elogiado e incentivado a continuar”, afirma.

O adolescente já teve diversas oportunidades de tocar em eventos importantes, mas uma das mais marcantes aconteceu em um momento inesperado. “Quando meu avô faleceu, no velório também estava sendo velado um senhor, o seu Manoel, que tocava berrante. A filha dele me pediu para tocar no enterro. Poder fazer essa homenagem, em meio à minha dor e à dor da família dele, me inspirou a voltar a tocar e a participar de eventos para alegrar as pessoas”, conta emocionado.
Desde então, Marcos tem levado sua música a diferentes ocasiões. “Recentemente toquei no aniversário de 95 anos do senhor Deusdete Cerqueira e na final do Rodeio da ExpoParanavaí. Essas três apresentações foram muito importantes para mim”, destaca. Cada vez que leva o som do berrante ao público, ele sente uma mistura de emoção e responsabilidade. “Me sinto muito feliz e sempre tento dar o meu melhor”, diz.
Para ele, o berrante representa mais do que um instrumento musical: é um símbolo de tradição e história. “A melodia do berrante traz lembranças de muitas gerações. O papel dos jovens em manter viva essa tradição é a valorização das raízes de muitas famílias da nossa região e de todo o Brasil”, ressalta.
Apesar da pouca idade, Marcos já tem memórias marcantes de sua trajetória. “Lembro de quando comecei, ainda muito pequeno, e já admirava o som desse instrumento. Mesmo tão novo, consegui tocar”, recorda com orgulho. Se pudesse escolher alguém para quem tocar, não hesitaria. “Tocaria para o cantor Daniel, que foi minha inspiração”, revela.
Atualmente, ele possui dois berrantes especiais, um pequeno e um grande, mas sonha em adquirir novos para aprimorar suas apresentações. “Quero melhorar cada vez mais”, diz. A cada evento, a cada nota emitida pelo instrumento, ele reafirma sua conexão com o berrante e a tradição que ele representa.

Marcos já se apresentou para grandes públicos e admite que, no começo, sentia um pouco de ansiedade. “Quando me apresentei para muitas pessoas pela primeira vez, fiquei nervoso”, confessa. Mas o reconhecimento e a admiração do público são incentivos para seguir em frente. “As pessoas me olham com admiração”, observa.
E ele não descarta a possibilidade de transformar sua paixão em profissão. “Se tudo correr bem, eu penso em seguir carreira também”, afirma com esperança. Para aqueles que querem começar a tocar o berrante, Marcos dá um conselho: “Começar com calma e não desistir”.