Decreto do governador Carlos Massa Junior estabelece o estado de emergência fitossanitária, em razão da infestação
Desde 2021, quando voltou a acometer os pomares paranaenses com maior incidência, o greening vem colocando o setor produtivo em estado de alerta. A doença, com potencial para dizimar plantas de citros, se alastrou por polos de cultivo de laranja, principalmente nas regiões Norte e Noroeste do Paraná. No entanto, a reação foi imediata. Produtores rurais, entidades, incluindo o Sistema Faep, e o poder público se uniram para barrar o avanço do greening no Estado.
Fique por dentro de tudo o que acontece em Paranavaí e região! Clique aqui e entre no grupo de WhatsApp do Diário do Noroeste.
Também conhecido como Huanglongbing (HLB), o greening é causado por uma bactéria, a Candidatus liberibacter. Ela é disseminada pelo psilídeo Diaphorina citri, um inseto milimétrico (mede entre dois e três milímetros), que se alimenta de brotos novos ou da parte de trás das folhas de plantas cítricas. Como é uma doença silenciosa e sem tratamento, quando os sintomas do greening se manifestam, com as folhas amareladas na copa das árvores e frutos manchados, a contaminação já está em um estado irreversível. As árvores deixam de produzir.
“O greening é um problema que coloca em risco a citricultura do Paraná. Por isso, o Sistema Faep, com outras entidades dos setores público e privado, tem trabalhado para combater a doença, auxiliando os produtores rurais com a orientação das medidas que precisam ser tomadas”, compartilha Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema Faep.
Desde o fim de dezembro de 2023, por decreto do governador Carlos Massa Junior, o Paraná está em estado de emergência fitossanitária, em razão da infestação por HLB. A medida contempla uma série de esforços conjuntos de monitoramento e controle da doença. Segundo o mapeamento da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), o greening está presente em pomares de mais de 150 municípios paranaenses. Uma das preocupações é manter a praga restrita às regiões onde ela se encontra hoje e conter o avanço para outras áreas de produção.
“A planta contaminada pode demorar um ano para começar a expressar os sintomas. Então, quando aparecem, já não há o que fazer”, diz Caroline Garbuio, responsável pelo Programa de Sanidade da Citricultura, da Adapar. “É preciso focar em métodos de controle, para evitar a disseminação da doença”, acrescenta.
União – No início deste ano, a Resolução 4 da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) instituiu a Câmara Setorial da Cadeia da Citricultura do Paraná. Formado por entidades públicas como a Adapar e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), além de empresas, associações, cooperativas, consultorias e instituições como o Sistema FAEP, o colegiado tem por objetivo monitorar e propor ações contra o greening em todo o Estado.
“Houve uma integração entre produtores, fiscalização, prefeituras e técnicos, todos cooperando para que se avance no combate à doença”, diz a técnica Elisangeles Souza, do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP. “Esse trabalho conjunto é fundamental. Qualquer ação isolada seria ineficaz. Todos precisamos estar em sincronia”, completa.

As ações desenvolvidas estão alinhadas ao Programa Nacional de Prevenção e Controle do HLB, instituído pela Portaria 317/2021 do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Entre as medidas estabelecidas, está a eliminação das plantas hospedeiras com sintomas de greening, “mediante corte rente ao solo, com manejo para evitar brotações”.
A erradicação é obrigatória a plantas de citros que tenham até oito anos. “Diante da emergência fitossanitária, com o objetivo de proteger as áreas de produção comercial, a Adapar vem erradicando todas as plantas hospedeiras de greening num raio de 4 km ao redor destas áreas. Reduzimos, assim, o inóculo da doença e a população do inseto vetor”, aponta Caroline. “Temos desenvolvido inúmeras ações junto a prefeituras e secretarias municipais de Agricultura, para tornar as ações mais efetivas”, ressalta.
Tudo isso já vem provocando impacto positivo no campo. Foram promovidas operações denominadas Baixo Índice de Greening (BIG) Citrus em 24 municípios, nas regiões de Paranavaí, Maringá e Umuarama. Nessas ações, foram fiscalizados mais de 300 pomares comerciais e 376 domésticos. No total, 57,1 mil plantas foram erradicadas. Além disso, houve fiscalizações em 254 comerciantes de mudas cítricas.