A engenheira agrônoma e produtora rural Priscila Silvério Sleutjes vai proferir palestra na noite de abertura da I Jornada de Irrigação do Paraná apresentando o case de sucesso que transformou uma região. “Vou mostrar porque saímos de uma região pobre no final da década de 70, início da de 80, quando aqui era conhecido como ramal da fome e hoje estamos como celeiro do Estado. Isto foi graças a irrigação”. Ela se refere ao município paulista de Paranapanema, próximo a Avaré, e cujo trecho da Rodovia Raposo Tavares era conhecida como ramal da fome.
A Jornada será aberta nesta segunda-feira (26), às 18 horas, e será transmitida pelo Facebook, Instagram e Youtube. O evento é totalmente online, das 18 às 20 horas, e prosseguirá até sexta-feira, dia 30. A promoção é do Sindicato Rural de Paranavaí, Associação dos Produtores Irrigantes do Paraná (APIP) e Total Hidro.
Presidente da Câmara Temática de Agricultura Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e ex-executiva da Associação do Sudoeste Paulista de Irrigantes e Plantio na Palha (ASPIPP), Priscila Sleutjes vai participar da Jornada na noite de abertura e depois no encerramento, quando será realizada uma mesa redonda para discutir o futuro da irrigação.
A especialista vai contar que na transição da década de 70 para 80, os produtores estavam perdendo muitas lavouras por veranicos de 15 a 20 dias. A escassez de água acontecia justamente num período importante da produção. “Aí os produtores conheceram o sistema de pivô central e a partir disso eles introduziram a irrigação aqui na nossa região”, conta ela.
Mas engana-se quem acredita que a irrigação é apenas uma técnica para suprir a falta de água na agricultura. “A irrigação traz vários benefícios, como melhor planejamento de safra, duas e meia a três safras no ano, enfim traz mais benefícios que somente suprir a falta de água”, comenta.
Foi pela irrigação que a região de Paranapanema se tornou o celeiro de São Paulo. Hoje 70% do algodão, 25% do feijão e trigo, em torno de 22% da soja e do milho colhido no Estado saem daquela região. “A irrigação mudou mesmo o cenário de desenvolvimento agrícola aqui da região, mudou da região”, sentencia.
Maior produtividade – Sleutjes sustenta que os índices de produtividade em áreas irrigadas são bem superiores se comparadas com a cultura de sequeiro. A mesma cultura pode ter na irrigação uma produtividade duas a três vezes maior que no sequeiro. Além disso, o feijão e o trigo, entre sequeiro e irrigado tem uns 30% a mais de produtividade, o milho em torno de 20% e a soja em torno de 15%. “Isso já mostra a importância da irrigação para a região e para o Brasil de uma forma geral. Ela diminui os riscos de produção, principalmente na parte de escassez hídrica em um período maior de seca, aumento de produtividade, com o manejo otimiza maquinas, enfim, tem maior qualidade e padroniza produtos. São vários benefícios que estarei colocando na minha apresentação na Jornada”, antecipou a palestrante.
Aponta que com o aumenta a produtividade por área com a irrigação diminui a pressão por abertura de novas áreas para expandir. Ou seja, produzindo mais numa mesma área não há necessidade de abrir novas fronteiras agrícolas – motivo de polêmicas com a área ambiental. “Podemos produzir mais sem necessidade de expansão de área”, diz ela.
Barramento – Priscila Sleutjes também anunciou que vai abordar em sua palestra “a importância dos barramentos”. Explicou que sua região adotou o pivô central para não frustrar a safra e, ainda por cima, aumentar a produtividade, mas depois os produtores tiveram que pensar na reserva de água. Frisa que “tivemos que fazer a reservação de água em pequenos açudes, acumulando a água da chuva”. Segundo ela, assim como o Noroeste do Paraná, a sua região não tem falta de chuvas, mas elas são mal distribuídas ao longo do ano. A região de Paranapanema tem uma precipitação pluviométrica anual entre 1.300 e 1.400 mm. “Nossa irrigação é complementar, só utiliza quando falta a chuva mesmo”, cita.
Para isso é acumulada num reservatório a água que cai na bacia. “Esta água é usada no período seco. Assim mantemos a regularidade dos rios de uma forma mais tranquila e está totalmente relacionada com a segurança hídrica, com a sustentabilidade e vai ao encontro do meio ambiente.
Ao final da palestra, a agrônoma vai tratar das associações de irrigantes e delas “estarem participando da governança dos recursos hídricos, da agricultura e meio ambiente para a gente estar ajustado e trazer mais segurança jurídica para o produtor rural, principalmente em relação ao uso da água”.