DA FOLHAPRESS
Como consequência da guerra iniciada pela Rússia contra a Ucrânia, a Fifa suspendeu a seleção do país de todas as competições internacionais organizadas pela entidade. Dessa forma, a equipe russa não jogará mais a repescagem europeia para a Copa do Mundo no Qatar e está fora do torneio.
O jogo contra a Polônia, pela semifinal, estava marcado para o dia 23 de março. Os poloneses, porém, já haviam dito por meio da federação de futebol do país que não disputariam o duelo.
Caso os russos conseguissem avançar, enfrentariam na decisão por uma vaga o vencedor do confronto entre Suécia e República Tcheca. As duas federações nacionais também haviam definido posição de não jogar com a seleção russa.
Não é a primeira vez que um conflito armado ou político impede a participação de um time no maior palco do futebol. Japão e Alemanha ficaram fora do torneio por causa da Segunda Guerra Mundial, a Espanha também perdeu uma edição em decorrência de uma guerra civil no país, e a África do Sul ficou suspensa por quase 20 anos devido ao apartheid.
Confira essas e outras histórias de países que acabaram impedidos de disputar o Mundial.
ESPANHA, 1938
A seleção espanhola entrou para a história como o primeiro país a ficar fora de um Mundial por causa de um conflito. Envolvida na guerra civil que terminou com a vitória do ditador Francisco Franco, a Espanha teve sua inscrição rejeitada pela Fifa, embora outra versão aponte que o próprio país tenha desistido de participar das Eliminatórias.
A Áustria, à época ocupada pela Alemanha, até obteve sua classificação para o Mundial, mas acabou impossibilitada de participar do torneio realizado na França.
Já o Japão também desistiu de disputar as Eliminatórias por causa de conflito com a China. Dessa forma, a classificação acabou ficando com as Índias Orientais Holandesas (atual Indonésia), que se tornaram o primeiro país da Ásia a disputar a Copa do Mundo.
JAPÃO E ALEMANHA, 1950
Por orientação da ONU (Organização das Nações Unidas), Japão e Alemanha foram suspensos logo após a Segunda Guerra Mundial. Como a punição começou em 1945 e só terminou em 1950, não houve tempo para os dois países disputarem as Eliminatórias.
Após a Copa do Mundo de 1938, a competição teve um hiato de 1939 a 1945 justamente por causa da Segunda Guerra.
Quando o torneio voltou a ser realizado, o Brasil acabou sendo escolhido como a sede de 1950.
ÁFRICA DO SUL, 1966 A 1990
Depois de uma Copa sem restrições em 1962, o Mundial de 1966 marcou o início de uma das mais longas suspensões impostas pela Fifa, quando a África do Sul acabou impedida de disputar o Mundial devido ao regime do apartheid no país.
A nação só voltaria às Eliminatórias na década de 1990, época na qual participou do ciclo para a Copa de 1994.
O regime de segregação racial, contudo, vigorou de 1948 a 1994, período no qual o país chegou a ter quatro federações nacionais. A mais antiga era a Fasa, que só aceitava atletas brancos; a Saifa era composta por jogadores sul-africanos de origem indiana; a SABFA reunia os bantu, pessoas de uma região do país que contava com dialeto próprio; a SACFA era composta por atletas negros.
Em 1992, uma seleção unificada fez seu primeiro jogo oficial. O time só conseguiria sua primeira classificação para o Mundial anos depois, na Copa de 1998, na França.
IRÃ, 1986
Aproveitando a Revolução Iraniana, que isolou Teerã, o ditador iraquiano Saddam Hussein invadiu a região do Curdistão, na fronteira do Irã, e tomou o controle sobre as duas margens do rio Shatt al-Arab. A guerra terminou em 1988, com a retirada das tropas iraquianas do Irã, a divisão da soberania sobre o rio e a troca de prisioneiros de guerra.
Devido ao conflito, a Fifa decidiu suspender o Irã. Sem especificar os motivos, a entidade optou por não punir o Iraque, que, além de disputar as Eliminatórias, classificou-se para a edição realizada no México.
IUGOSLÁVIA E LÍBIA, 1994
Também acatando recomendações da ONU (Organização das Nações Unidas), a Fifa decidiu suspender a Iugoslávia e a Líbia.
Os iugoslavos não disputaram as Eliminatórias para a Copa de 1994 por causa da Guerra dos Bálcãs, que resultou na morte de mais de 100 mil pessoas.
Já a Líbia passou a ser alvo de um isolamento diplomático depois que, sob administração do ditador Muammar Al-Gaddafi, rompeu com os Estados Unidos e países da Europa em razão de sua política contra Israel.