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CAUSOS

O médico e o impaciente

*Edmar Lima Cordeiro

Não tinha “sus” quando ocorreu esse fato, era “Inamps”. Tenho os cartões de “identidade do beneficiário”, há mais de 50 anos nos meus arquivos. Sempre fomos, todos da família, assistidos pelo sistema do “Inamps” e nessa política de proteção à saúde do trabalhador contribuinte da previdência social, éramos atendidos por médicos, grande parte destes funcionários públicos, lotados no ”Inamps”. Aqui em Paranavaí o representante deste órgão federal era o sr. Wilson Novaes de Mello (nome fictício).

No Sistema Fordiano, a indústria cresceu de modo exponencial, nele o operário era preparado para só apertar parafusos de rodas, outros só se dedicavam na produção da lataria, outros aos bancos etc. Charlie Chaplin nos mostra no filme “tempos modernos” essa automação industrial pela repetição.

Com médicos não tem como transformá-los em robôs industriais porque a sua atividade é densamente humana, todos podem escolher suas especializações mas sua prestação de serviço é humanizada, sobretudo sabendo eles que não são Deus, mas preparados para restabelecer a saúde e o bem-estar de seus pacientes. No sentimento de gratidão das famílias destes pacientes

estão estes profissionais, envolvidos por educação pessoal, por ética, por respeito, controle de suas emoções, por honestidade, religiosidade, sinceridade, e outras posturas da conduta profissional.

Sempre foi e será uma profissão respeitada, desde suas origens é muito digna.

É uma atividade que sofre muitas pressões, quer de instituições, quer de pacientes da medicina social.

Esta introdução é para justificar um fato real acontecido com um médico amigo de longa data, seu nome Anatole, (fictício), médico portador de “ética raiz”, como disse um colega dele para mim.

conversando amenidades com Anatole na calçada de seu consultório, passou na outra calçada um cidadão que chamou a atenção do Dr. Anatole, que comentou: aquele cidadão quando cruza comigo não me encara, baixa a cabeça. Perguntei o motivo. Foi um caso acontecido ainda no tempo do “Inamps”. Tive que enfrentar uma situação delicada no consultório com ele. Chegando no hospital com um bom atraso, havia muitos pacientes a minha espera e este cidadão bradava para todos os cantos que me mataria se não fosse logo atendido. Criou um grande tumulto. Atendi um paciente primeiro e, após, a enfermeira o chamou. Entrou na sala pisando forte e aos gritos. Calma, pedi. Calma senhor. Posso lhe explicar o que aconteceu?

Em minha casa e de saída para este hospital, recebi uma chamada para ir com urgência no outro hospital para atender uma emergência, no caso, uma senhora. Fiz o atendimento e todos os protocolos necessários, mas lamentavelmente a paciente foi a óbito.

Por isso cheguei atrasado para atender os pacientes dentre estes o senhor que se manifesta com muita impaciência. É preciso entender que o médico não é dono de sua vontade.

Pegou a ficha do cidadão e nesta viu o nome da mãe do “impaciente” e perguntou-lhe: Como sua mãe se chama? E ele disse o nome da mãe. Dr. Anatole lhe disse: olhe cidadão, a pessoa que atendi agora no outro hospital e que foi a óbito é a sua mãe.

Quem planta o bem, colhe o bem.

Esse fato parece ser a “lei do retorno”.

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