O consumidor brasileiro já sentiu no bolso que a alta de preços é generalizada, atingindo do pãozinho até o combustível do carro. Essa disseminação da inflação é medida pelo índice de difusão do IPCA-15, que atingiu 74,9% em maio, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta semana.
O IPCA-15 é considerado uma prévia da inflação oficial do país. Neste mês, ele chegou a 0,59%. Foi a maior taxa já registrada para o mês de maio desde 2016. Nos últimos 12 meses, o IPCA-15 acumula uma alta de 12,20%.
Como lidar com essa disparada de preços? O educador financeiro do C6 Bank, Liao Yu Chieh, dá algumas dicas para o brasileiro se organizar financeiramente melhor em tempos de inflação em alta.
Anote todos os gastos e ganhos
A primeira dica é saber exatamente quanto você ganha e quanto gasta por mês. Para isso, é preciso anotar tudo o que entra e tudo o que sai. “Recomendo dividir em categorias como moradia, transporte, educação, lazer e alimentação para facilitar a visualização no final. Pode dar um certo trabalho, mas esse é o primeiro passo para encontrarmos alternativas de como gastar melhor e fazer o dinheiro render”, explica Liao.
A conta não fecha? Veja se dá para cortar algum gasto
Eliminar gastos não é tarefa fácil. Mas se as contas não fecham, é hora de cortar supérfluos para ajudar o orçamento a ficar no azul. Volte para sua lista de anotações e identifique eventuais gastos que podem ser eliminados ou postergados.
“Ao anotar seus gastos, talvez você perceba que pode economizar na conta de celular para ter uma proteína melhor no prato, trocar um delivery caro por um carrinho mais cheio no supermercado. Depende da realidade de cada um. O objetivo é saber no que está gastando para tomar melhores decisões e evitar compras por impulso que pesam no final do mês”, afirma Liao.
Pesquise preços
Essa dica pode parecer óbvia, mas é muito necessária para pessoas que costumam comprar por impulso. “Passou na frente da loja e gostou do produto? Pesquise o preço dele em outros lugares. Além da possibilidade de encontrar um preço menor, você ganha tempo para pensar se precisa mesmo daquele produto”, afirma Liao.
Espere hoje e deixe para comprar amanhã – Se você esperar um dia para comprar algo que deseja, pode ser que depois desse período descubra que não precisa daquele item. Essa dica vale para compras realizadas em locais que você passa com frequência, como lojas perto de casa, do trabalho ou sites de e-commerce. “Quando você espera um dia, acaba tendo consciência de que não precisava ter comprado aquele item que levou no dia anterior. Isso não vale para compras em lugares que você frequenta pouco ou sabe que não vai mais voltar lá”, afirma o educador financeiro.
É assalariado? Faça suas compras de mês – Era comum nos tempos de hiperinflação que as pessoas saíssem às compras assim que recebessem seus salários para que o poder de compra não fosse corroído pela alta de preços. Estamos longe dessa realidade, mas uma boa estratégia para quem é assalariado é antecipar as compras de itens duráveis e recorrentes. “Se você deixa o dinheiro parado e os produtos vão ficando mais caros, é melhor adiantar as compras da casa. É a famosa compra do mês, que pode ser feita por quem é assalariado e deixa o dinheiro parado na conta.”
Atacarejo x compra de abastecimento – Essa dica está atrelada à anterior. Fazer a compra do mês em locais que vendem por atacado, os famosos atacarejos, pode significar uma economia ao final do mês. Mas a compra de perecíveis deve ser feita aos poucos. “Ir mais vezes ao supermercado, para comprar de pouco em pouco, também agrega. Porque nessas idas você consegue descobrir promoções novas”, diz Liao.
Planeje-se – Deixar para comprar o casaco de frio no auge do inverno não é a melhor estratégia para quem busca economizar. A dica aqui é comprar a roupa que você deseja na próxima estação. “O comércio costuma fazer liquidações para reduzir estoques entre uma estação e outra. Aproveite esses momentos de oferta para comprar os itens que sabe que irá precisar no futuro.”