*Bonne Rozenblit
Durante anos a música foi trabalhada em função dos videoclipes. Toda a letra e estética da composição tinha como foco se adequar a um roteiro pronto. Agora, com o avanço das redes sociais, essa função do vídeo se transformou, e a música passou a ser pensada de uma forma que gere engajamento na internet, seja por meio de campanhas especificas ou desafios virais no tiktok.
Recentemente, diversos artistas fizeram de suas músicas um grito nas redes sociais, como foi o caso de “Língua dos Animais”, de Marisa Monte. A canção veio acompanhada da hashtag #AdoteComMarisa, que estimulava a adoção de animais domésticos. Gilberto Gil fez algo parecido com “Refloresta”, visando a recuperação da flora brasileira e transformando os vídeos de usuários em árvores plantadas.
Além das campanhas, os challenges se tornaram parte da composição musical. Hits como “Envolver” e “Acorda Pedrinho” alcançaram o top 1 no Spotify graças a eles. Quando produzimos uma música, temos que pensar em um trecho que cause mais impacto naqueles 3 minutos de reprodução. É uma nova forma de se comunicar e consumir. Se uma pessoa assiste alguns challenges com a mesma canção, ela já decorou pelo menos 15 segundos daquela música, e a partir dai vai atrás da versão completa nos aplicativos de streaming.
O Tik Tok e o Reels do Instagram deixaram de ser apenas tendências e se tornaram uma realidade dentro do cenário musical. Seja no lado de quem cria ou consome, é preciso se atentar a essas mudanças, e observar o caráter democrático das redes sociais, que abrange do funk ao MPB, e cada vez mais aproxima artistas e fãs. O digital não é mais o futuro, já se tornou o presente.