*Henrique Medeiros
Ah! Indiferença. Como é fácil falar de você. Como é fácil falar de uma tônica tão presente na história da humanidade. Acreditem! Nenhum sentimento é tão oposto aos demais, nenhum sentimento é tão contrário à criação de um mundo melhor para todos, quanto o tenebroso sentimento da indiferença.
A anestesiação dos seres humanos, a falta de cuidado com o próximo, a falta de atenção aos que sofrem, a falta de zelo com a educação, o desdém com a vida e o desprezo pela natureza são exemplos atuais, da vil indiferença, que nos mantêm presos ao atual modelo de mundo, centrado no dinheiro, e ainda nos transformam em “pilhas”, em fonte de energia para produzi-lo.
Em função da indiferença, paradigmas que já poderíamos ter quebrado há muito tempo, como os de trabalharmos de maneira mais colaborativa e menos competitiva, distribuirmos riquezas ao invés de concentrá-las, consumirmos menos, em vez de atuarmos como gafanhotos em plantações, ou ainda, desacelerarmos o ritmo geral do planeta, em vez de exauri-lo, são simplesmente ignorados.
A indiferença também está presente quando tapamos os olhos para aqueles que sofrem com a fome, para os conflitos ao redor do mundo, quando ignoramos a necessidade de reformularmos continuamente as leis para torná-las adequadas aos anseios da sociedade, quando levamos uma vida centrada apenas em bens materiais e, acima de tudo, quando ignoramos o chamado para mudarmos urgentemente nossa maneira de cuidar do planeta e de nós mesmos.
Acordemos, pois, se continuarmos deixando a indiferença nos dominar, se não despertarmos desse pesadelo, que nós mesmos criamos, se seguirmos nesse modelo néscio de sociedade, focado no ter e não no ser, não teremos futuro, fracassaremos enquanto humanidade.
A indiferença é um sentimento tão torpe, tão desumano, que é preferível sentirmos ódio, repulsa, tristeza, a deixarmos que esse sentimento vazio tome conta de nossas almas, pois, quando sentimos o que quer que seja, que não o nada, pelo menos de alguma maneira alimentamos sentimentos que nos tiram do lugar.
Pior! Quando ficamos do lado da indiferença, em oposição ao chamado que a vida nos tem feito para evoluirmos, passamos a ser cúmplices das injustiças, independentemente de aceitarmos, ou não, esse fato. Como bem disse Martin Luther King: “O que preocupa não é o grito dos maus, mas sim, o silêncio dos bons”. Portanto, não nos calemos, não permaneçamos indiferentes, pois, acreditem, a indiferença é, sem dúvidas, o pior mal do mundo moderno.