Aleksa Marques / Da Redação
Baixinho. Baleia. Cabelo de esponja. Quatro olhos. Estes são alguns dos termos utilizados pelos “valentões” para referir-se aos amigos da escola ou do bairro. Para quem faz, pode parecer divertido. Quem recebe pode criar um trauma irreversível. O medo assombra os jovens que, por vezes, temem em sofrer ainda mais retaliações caso falem a alguém.
Professoras, psicólogos e educadoras sociais do Cecap (Centro de Atendimento à Criança e ao Adolescente de Paranavaí) ao longo deste ano trabalharam o tema bullying com os estudantes. Segundo elas, diversos alunos relataram casos de maus tratos e ofensas sofridos nas escolas e, em consenso, resolveram fazer uma peça de teatro.
Os próprios alunos escreveram e desenvolveram a encenação que conta com fatos vivenciados por eles. O intuito é levar a peça ao máximo de escolas possíveis para conscientizar os alunos. “É um trabalho de extrema importância, pois nessa idade eles precisam aprender que é errado ofender o colega por suas diferenças”, disse a auxiliar de coordenação do Cecap Abilene Chagas.
Durante os encontros com a educadora social Daniela Mello os alunos puderam trabalhar a autoestima e também a confiança em si mesmos. Com isso, os alunos aprendem a amar-se e a ter coragem de falar para algum adulto quando estiverem em uma situação parecida. Uma das alunos da peça chorou conversando com a professora sobre o assunto, ela disse ficar emocionada ao dividir sua história. “Nas escolas que estamos passando, diversos alunos se emocionam e vão às lágrimas, pois se identificam com a situação”.
Depoimento dos alunos
“Eu sofria e não quero que os amigos passem por isso”, disse Roger Henrique dos Santos de 14 anos que interpretou o “valentão” na peça e precisou ofender os colegas. “Foi difícil olhar nos olhos deles e falar aquelas coisas” completou Arthur Henrique de Oliveira de 13 anos que encenou junto com Roger.
Gabriely Tsuge de 12 anos diz que sofre por ser muito magra, mas após trabalhar a confiança e o ego nas aulas ela se sente mais segura e diz que está feliz em levar o tema aos outros adolescentes. “Nem ligo mais quando me ofendem. Aprendi a lidar com isso e quero ajudar os outros” disse Nelcia Nicolas de 14 anos.
Giovana Torreti de 12 anos diz que é muito importante discutir um tema tão comum nos dias de hoje. Da mesma forma, Lucas Hideki de 11 anos busca passar a mensagem de auto aceitação aos alunos.
O medo é constante e a falta de coragem por parte dos jovens assusta os adultos que estendem a mão em forma de ajuda. “Nossas equipes estão sempre à disposição deles caso tenham algo para compartilhar. Sempre frisamos a importância da conversa e, como eles mesmos falam na peça, eles não estão sozinhos”, finaliza Abilene.
A auxiliar de coordenação diz que as apresentações nas outras escolas vão até o dia 18 de outubro e as instituições que tiverem interesse podem entrar em contato pelos telefones (44) 99804-8096 (Abilene) ou falar com a coordenadora Kátia Batista (44) 99803-0899.