REINALDO SILVA
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O Noroeste do Paraná apresentou queda acentuada no número de notificações e casos positivos de dengue. Em junho, a região chegou a ter 14 municípios em situação de epidemia, agora são 10: Alto Paraná, Inajá, Jardim Olinda, Nova Londrina, Paraíso do Norte, Paranavaí, Porto Rico, São Pedro do Paraná, Tamboara e Terra Rica. Estão em alerta Loanda, Marilena e Santa Isabel do Ivaí.
Chefe regional da Vigilância em Saúde, Walter Sordi Junior explica que a mudança de cenário é positiva, mas ainda está longe do ideal. É necessário que os municípios reestruturem os serviços, intensifiquem a limpeza de galerias de águas pluviais e mantenham os trabalhos de campo, com integração de agentes comunitários de saúde e equipes de controle de endemias.
A falta de chuva faz com que este seja o “momento oportuno para as prefeituras fazerem o recolhimento de depósitos, como rotina de trabalho”, diz Sordi Junior, e acrescenta: “Daqui a pouco volta a chover e poderemos ter alto índice de vetor novamente”. No caso da dengue, é chamado de vetor o mosquito responsável pela transmissão, Aedes aegypti.
A comunidade também tem responsabilidades. É fundamental que os moradores intensifiquem a limpeza dos quintais, eliminando qualquer objeto que possa servir como depósito de água, potencial criadouro do mosquito. Outra orientação é que não façam o descarte de lixo nas bocas de lobo, prática que compromete a limpeza das galerias e facilita o acúmulo de água, dando condições para a reprodução do vetor.
Sordi Junior aponta outra preocupação, os climatizadores de ambiente. A falta de manutenção e limpeza dos aparelhos contribui para a proliferação do Aedes aegypti, por isso, os empresários têm papel decisivo nas ações de prevenção e combate à dengue.
Graças à soma de esforços até agora, as confirmações da doença caíram gradativamente. Nova Londrina é um exemplo da mudança de cenário: na semana epidemiológica 21, entre o final de maio e o início de junho, o município teve 38 casos positivos, passou para 35 na semana 22, 19 na semana 23, 17 na semana 24 e quatro na semana 25.
A diferença também é significativa em Loanda. Foram 19 confirmações na semana epidemiológica 21, 26 na semana 22, 16 na semana 23, 11 na semana 24 e apenas um na semana 25. Em Paranavaí, os casos positivos passaram de 31 na semana epidemiológica 22 para um na semana 25.
Gravidade – Sordi Junior informa que alguns municípios têm dois tipos de vírus em circulação, 1 e 2, o que aumenta as chances de casos graves de dengue. Quando o paciente contrai um e depois o outro, o organismo intensifica o sistema de defesa e essa reação pode provocar hemorragia e levar à morte.
É fundamental que aos primeiros sinais da doença o morador busque o serviço de saúde. “Nunca deixa passar.” O acompanhamento profissional permite fazer o diagnóstico e proporcionar o tratamento adequado.
Soma-se aos cuidados com o paciente a necessidade de evitar que o vírus se espalhe. Por isso, quando o paciente vai até a unidade de saúde com suspeita de dengue, equipes são designadas para fazer, no bairro de origem, o chamado bloqueio, num raio de nove quarteirões. O trabalho inclui a pulverização de veneno com máquina costal, busca ativa de moradores com sintomas da doença e destruição mecânica dos depósitos de água.
Cuidados – O chefe regional da Vigilância em Saúde chama a atenção para alguns cuidados que devem ser tomados ao se dirigir a uma unidade de atendimento médico. Destaca: o uso de máscara de proteção facial é obrigatório.
Quem vai a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou ao hospital corre o risco de contrair outras doenças, por exemplo, Covid-19 e síndromes gripais. Cabem as mesmas recomendações divulgadas repetidamente durante a pandemia – distanciamento na medida do possível e higienização constante das mãos com álcool em gel.