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SAÚDE

Casos de dengue sobem mais de 11% na região e impulsionam número de pacientes graves e mortes

REINALDO SILVA

reinaldo@diariodonoroeste.com.br

O avanço da dengue sobre os municípios do Noroeste do Paraná permite um exercício de comparação entre dois períodos epidemiológicos consecutivos: de agosto de 2022 a julho de 2023 a região somou 5.782 casos positivos da doença; de agosto de 2023 até agora, março de 2024, são 6.440. Os números revelam que, mesmo em menor tempo, o crescimento já representa 11,38%.

As estatísticas comprovam a gravidade do problema. Na temporada atual, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) confirmou seis óbitos por complicações da dengue – anteriormente foram dois.

As duas primeiras mortes datam de 2023, pacientes de Paranavaí e Marilena. As quatro seguintes tiveram registro a partir de janeiro deste ano:

07/01/24 – mulher, 47 anos, moradora de Planaltina do Paraná, com comorbidade

07/01/24 – mulher, 50 anos, moradora de Planaltina do Paraná, sem comorbidade

27/01/24 – mulher, 92 anos, moradora de Paranavaí, com comorbidade

04/02/24 – mulher, 60 anos, moradora de Paranavaí, com comorbidade.

Entende-se por comorbidade a ocorrência de duas ou mais doenças ao mesmo tempo. Essa associação pode potencializar os sintomas mutuamente e provocar o agravamento do quadro de saúde.

A progressão da dengue também é constatada na análise de outros indicativos. No período epidemiológico anterior (2022-23), a Região Noroeste totalizou 46 casos de dengue com sinal de alarme e nenhum caso grave; no recorte corrente (2023-24), são 57 e 4, respectivamente.

Enfermeira da Divisão de Vigilância em Saúde da 14ª Regional de Saúde, Jane Aparecida Camargo explica que o aumento está relacionado com a circulação de dois sorotipos do vírus, o 1 e o 2. Antes, somente o 1 foi identificado.

“O fator climático também traz condições propícias para a proliferação do mosquito”, complementa, citando as altas temperaturas e a ocorrência constante de chuva. A soma desses dois fatores acelera o ciclo reprodutivo do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti.

Na contramão dos números ora apresentados, a 14ª Regional de Saúde percebeu redução nas internações hospitalares por dengue: de julho de 2022 a janeiro de 2023, foram 96; de julho de 2023 a janeiro de 2024, 78. “Pode ser um reflexo da melhora na assistência prestada aos casos positivos na atenção primária”, pondera a enfermeira Jane Camargo.

CARRO FUMACÊ

A tentativa de conter a disseminação da doença passa por uma série de ações coordenadas principalmente pelo poder público, mas que também exigem a participação efetiva da comunidade.

Para os municípios que enfrentam epidemia de dengue, existe a possibilidade de utilizar os chamados carros fumacês. Equipados com pulverizadores de ultra baixo volume, os veículos dispersam inseticida eficaz contra o inseto adulto.

Na Região Noroeste, três cidades concluíram o ciclo de aplicação do veneno com os carros fumacê: Inajá, Planaltina do Paraná e Tamboara. O equipamento ainda está sendo usado em Paraíso do Norte e Paranavaí. Aguardam autorização da Sesa para uso do equipamento Alto Paraná e São João do Caiuá. Também farão o pedido Loanda, Querência do Norte e Santa Isabel do Ivaí.

Três municípios concluíram o ciclo com o carro fumacê, dois ainda estão em andamento, dois aguardam autorização e três deverão formalizar o pedido para uso. Foto: Ivan Fuquini

DIFICULDADES DE CONTROLE

A enfermeira da Divisão de Vigilância em Saúde aponta uma série de dificuldades na concretização das estratégias de prevenção e combate à dengue. São sempre as mesmas e estão relacionadas principalmente à falta de cuidados da população. Ela cita como exemplos o acúmulo de lixo doméstico, a higienização incorreta de bebedouros de animais, o armazenamento inadequado de água da chuva e o uso de vasos de plantas.

Os gestores municipais também têm desafios a vencer. Jane Camargo fala da falta de pessoal trabalhando em campo e fazendo vistorias de qualidade nos imóveis. A demora na notificação de casos suspeitos é outro problema, pois retarda as medidas de bloqueio e controle do mosquito transmissor. É possível constatar, ainda, a necessidade de integração entre as secretarias municipais e a atuação efetiva de seus representantes nos comitês de combate à dengue.

ORIENTAÇÕES

A maior parte dos focos do Aedes aegypti está nos domicílios, por isso algumas ações se tornam essenciais no enfrentamento à doença. A seguir, algumas orientações:

Não deixar água parada em quaisquer objetos, evitando a procriação do mosquito.

Não acumular água em pratos de vasos de plantas: colocar areia até a borda do pratinho.

Não juntar vasilhas e utensílios que possam acumular água.

Entregar pneus velhos ao serviço de limpeza urbana; caso seja preciso mantê-los, guardar em local coberto.

Limpar frequentemente calhas e lajes.

Não jogar lixo em terrenos baldios, construções e lugares públicos.

Permitir sempre o acesso do agente de combate a endemias em casa ou no estabelecimento comercial.

O gráfico que ilustra esta matéria é do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), retirado na última terça-feira (12), às 9h06. A imagem revela redução na incidência de casos de dengue a partir da oitava semana de 2024. Não significa, necessariamente, que março tenha começado com queda no volume de diagnósticos positivos. De acordo Jane Aparecida Camargo, enfermeira da Divisão de Vigilância em Saúde da 14ª Regional de Saúde, os dados são preliminares e sujeitos a alterações. Podem, sim, demonstrar melhora no cenário ou a subnotificação no sistema, por quaisquer que sejam os motivos.
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