Alçando voos
É possível que vários de nós, ao sermos convidados a exercícios de meditação, perguntemos: Para quê?
Que benefícios poderá me trazer meditar horas a fio?
Naturalmente, ninguém está propondo que se passe a vida a meditar.
Deus quer que o homem pense nEle. Mas não quer que só nEle pense, pois que lhe impõe deveres a cumprir na Terra.
Quem passa todo o tempo na meditação e na contemplação nada faz de meritório aos olhos de Deus, porque vive uma vida toda pessoal e inútil para a humanidade e Deus lhe pedirá contas do bem que não houver feito.
O que se propõe é o uso da meditação, em momentos específicos.
Todo exagero deve ser evitado.
Vejamos que o trabalho nos exige repouso para a recuperação das forças. A vigília nos recomenda o sono para a reparação das energias.
Assim, a meditação nos auxilia a encontrar serenidade e equilíbrio para seguirmos no esforço da transformação moral, nosso maior objetivo, enquanto Espíritos imortais.
Falamos de nos isolarmos em certas horas do dia ou da noite, suspender a atividade dos sentidos externos, afastar de nós as imagens e ruídos de fora.
Então, na calma e no recolhimento do pensamento, fazer um esforço mental para ver e ler no grande livro misterioso o que há em nós.
Será nesses momentos que Deus nos falará através de todas as vozes do infinito.
Ele nos falará num livro que escreve todos os dias com esses caracteres majestosos que se chamam oceanos, mares, montanhas e astros do céu, através de todas as harmonias suaves e graves que sobem do seio da terra ou descem dos espaços.
Ele nos falará no santuário do nosso ser, nessas horas de silêncio e de meditação.
Quando deixarmos de ouvir os ruídos de fora, tudo que nos envolve tantas horas, poderemos ouvir a voz das profundezas da consciência, que nos fala de dever, de progresso, de ascensão.
Penetraremos nesse refúgio íntimo, essa fonte profunda de onde podem jorrar ondas de vida, de amor, de virtude, de luz.
Todos temos carência desses momentos em que nos afastamos de tudo, para adentrarmos o mundo interior.
Um local de tranquilidade em que podemos escutar a voz de Deus.
Sentiremos, então, eflúvios divinos nos invadirem, nos sentiremos plenos, revigorados.
Lembremos que Jesus, após as lidas do dia com o povo, ensinando, esclarecendo, curando mazelas, retirava-se para entrar em estreito contato com o Pai.
Momentos de meditação. Momentos de interação entre a criatura e o Criador.
Momentos para os gritos da alma, lançados às forças superiores. Comunhão com o mais Alto.
Por que sempre pedirmos que os Espíritos do bem desçam até nós?
Aprendamos a subir para eles.
Ainda e sempre é o Mestre Jesus que nos ensina.
Tanto comungou com o Pai, que Seu último ato, na Terra, ante os olhares curiosos de mais de quinhentas testemunhas, foi se alçar, a pouco e pouco, Espírito brilhante, apontando os rumos dos céus.
Aprendamos com Ele a nos elevarmos, um pouco a cada dia, nessa busca do eu interior.
Nessa interação com o sagrado, viveremos bem melhor sobre a Terra.
Experimentemos!
Redação do Momento Espírita, com base na pt. 3, cap. II, q.657 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec; na pt. 3, cap. XXI do livro O problema do ser, do destino e da dor, de Léon Denis e na pt. 2, cap. XIV do livro O grande enigma, de Léon Denis. FEB.
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