Toda vez que retomamos as páginas dos Evangelhos, encontramos um item que nos surpreende.
Lemos de outras vezes e, no entanto, há um momento em que um versículo salta aos nossos olhos.
Parece-nos que uma luz se acende na mente, como algo totalmente inédito.
Foi assim que as letras registradas pelo Evangelista Mateus nos chamaram a atenção.
Talvez porque, há pouco, um pequeno desentendimento tivesse nos ocorrido no lar. Algumas palavras, ouvidas em momento de contratempo e o diálogo não tão delicado, nos ressoavam na alma.
Tornamos a ler: Os inimigos do homem são os que vivem em sua própria casa.
É verdade! – Dissemos em voz alta, como dando total razão à afirmativa.
E a pequena rusga, recente, tomou vulto.
Revivemos o episódio, agora com coloridos fortes, adicionando o amargor de termos sido contrariados em nossa vontade.
Ruminando pensamentos por minutos, nos permitimos penetrar num ambiente de sombras.
A estrada escura nos levou ao vilarejo da mágoa e nos perguntamos como podemos ser assim desafiados.
Como as pessoas que vivem conosco, com as quais dividimos o teto, a mesa, o pão, podem se permitir discordar de nós?
Logo mais, uma porta se abriu e descobrimos um cômodo escuro. Deixamos nos envolver pelo ressentimento.
Em breve, nos consideramos a pessoa mais infeliz do mundo, mais incompreendida, mais…
Então, o despertador da consciência soou. E nos demos conta de como é fácil nos desequilibrarmos.
Como é fácil culpar os outros pelas nossas próprias falhas.
Saímos rapidamente daquele local sombrio e triste.
Refletindo, entendemos que a casa de que falava o Sábio de Nazaré é a nossa intimidade.
Os inimigos são aqueles que nos permitimos alimentar: a raiva, o ressentimento, a mágoa.
Se não pararmos, logo chega o ódio com sua carga nociva, pronto para destruir relações de longo prazo. Será o mote para o conflito, para o rompimento de laços afetivos de variada ordem.
Sim, os inimigos de nós mesmos são os da nossa própria casa. Da casa mental, da casa dos sentimentos.
Tomemos a decisão de lhes dar ordem de despejo, o mais rápido possível. Sem apelação, sem retardo.
Comecemos por algo simples.
Vistamos o manto aveludado da calma, abramos nossos ouvidos para ouvir o que tenham a dizer os que convivem conosco.
Depois, façamos um exame de nós mesmos e verifiquemos o quanto do que nos foi dito é verdade e deve ser aceito por nós.
Se precisarmos elucidar alguma coisa, que o façamos, depois de pensar bem e escolher, no dicionário da mansuetude, as palavras mais adequadas, a fim de não criar problemas para nós e para os outros.
Hoje, há uma grande preocupação em se falar o politicamente correto.
Também em falarmos mais de um idioma, a fim de melhor nos comunicarmos.
Mais do que tudo, precisamos nos preocupar com falar o que não agride, não ofende, não maltrata.
Aquilo que esclarece, conforta, consola, apoia.
Mais do que falar vários idiomas, cabe-nos aprender a usar as palavras mais doces, mais ajustadas.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita, com transcrição
do Evangelho de Mateus, cap. 10, vers. 36.
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