Dados do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social mostram que em 2022 ocorreram 612,9 mil notificações de acidentes de trabalho, bem acima dos 442,8 mil registrados em 2020 quando começou a pandemia de covid 19. O relatório também revela que em uma década, 2012 a 2022, o olho ocupou a oitava posição no ranking das notificações, totalizando 3% do total ou 166.310 lesões no período. As partes mais atingidas apontadas pelo relatório foram: dedo 24%, pé (exceto artelhos) 8%, mão (exceto punho ou dedos) 7%, joelho 5%, partes múltiplas 4%, perna 4% e olho 3%.
De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, este número de acidentes indica um aumento exponencial dos custos corporativos. Isso porque, para cada R$ 1 segurado pela Previdência podem ser acrescidos R$ 4 não segurados. O especialista ressalta que as lesões laborais nos olhos sinalizam falta de óculos de proteção, também conhecidos como EPI (Equipamento de Proteção Individual) ocular, ou uso de óculos de proteção inadequado.
Os acidentes oculares apontados pelo INSS foram causados por – agentes químicos e biológicos, ferramentas manuais e equipamentos. Queiroz Neto afirma que as principais complicações oculares decorrentes das lesões laborais são: ceratite, catarata e glaucoma traumático dependendo da causa. “A catarata traumática é mais frequente entre eletricistas que trabalham sem EPI e recebem Grande quantidade de radiação ultravioleta nos olhos”, afirma. Também pode ocorrer entre soldadores e dentistas, pontua
“Soldadores que trabalham sem EPI sentem forte ardência nos olhos. É a ceratite do soldador uma inflamação da córnea que geralmente só é percebida durante a madrugada”, explica. O oftalmologista alerta que a automedicação com colírio anestésico para aliviar a ardência pode levar à úlcera na córnea, infecções, perda temporária da visão e até ao transplante de córnea. No contato com produtos químicos ou biológicos recomenda lavar abundantemente os olhos e passar por consulta para higienização profissional e prescrição de colírio.
O glaucoma, ressalta, pode ser causado por uma contusão. Por ser uma doença silenciosa que só é percebida em estágio avançado recomenda passar por consulta oftalmológica após sofrer um impacto na região dos olhos.
Prevenção – Para Queiroz Neto o número de acidentes oculares no trabalho é bem maior que os notificados ao INSS por causa da uberização de muitas atividades. A boa notícia é que os óculos previnem 9 em cada 10 acidentes oculares. A escolha deve levar em conta a atividade e o ambiente de trabalho. As principais dicas do oftalmologista são:
Proteção lateral total – É indicado para impedir que os olhos sejam atingidos por partículas multidirecionais ou radiação UV (Ultravioleta)
Protetor com perfuração – Permite a ventilação e é ideal para não embaçar a lente em ambientes quentes.
Protetor fixado em tela de aço – Indicado para evitar perfuração ocular por partículas mais pesadas.
Proteção lateral fixa – Para atividade de baixo risco como supervisores e dentistas que precisam manter boa visão periférica.
Melhor cor de lente – Queiroz Neto diz que a cor da lente influi na visão de contraste, cansaço, visual e ofuscamento, mas ressalta que o ideal é que todas tenham proteção ultravioleta. As recomendações para melhorar a visibilidade são:
Amarela – Para motoristas em condições de pouca luz como dias nublados, com neblina e à noite. Também evita o ofuscamento e por isso é indicada para direção noturna.
Cinza – Ideal para proteção contra ao excesso de luminosidade do sol e nos trabalhos de solda.
Verde – Melhora a visibilidade em condições moderadas de luminosidade.
Laranja – Melhora a visão de contraste tanto em dias ensolarados como durante a noite.
Azul ou rosa – Ideais para descansar os olhos.