REINALDO SILVA
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O delegado titular da Polícia Civil de Alto Paraná, Dimitri Tostes Monteiro, assume nesta quarta-feira (6) a Delegacia da Mulher da 8ª Subdivisão Policial de Paranavaí, acumulando as duas funções. Ele ficará no lugar deixado por Fernanda Bertoco Mello até que outra pessoa seja designada para o cargo, o que deve acontecer ainda este ano. A expectativa é que seja uma mulher.
Na semana passada, o delegado-chefe da 8ª SDP, Luiz Carlos Mânica, explicou ao Diário do Noroeste que as mulheres continuarão sendo ouvidas por escrivãs, referindo-se ao fato de que muitas vítimas se sentem intimidadas com a presença de um homem. O novo delegado terá a responsabilidade de conduzir os procedimentos e só fará os primeiros atendimentos em situações pontuais.
Mânica também afirmou que não haverá prejuízos para as investigações. Todas as denúncias que chegarem à Delegacia da Mulher continuarão sendo devidamente apuradas. Em casos de agressão e abuso de crianças e adolescentes, uma equipe especializada e multidisciplinar fará os atendimentos fora da Delegacia de Polícia Civil.
Saldo positivo – A delegada Fernanda Bertoco Mello conversou com o Diário do Noroeste e avaliou o trabalho desempenhado desde junho de 2016, quando chegou à Delegacia da Mulher de Paranavaí. Ela permaneceu como titular da unidade até o mês passado, quando foi transferida para Umuarama.
Ao chegar a Paranavaí, deparou-se com uma realidade preocupante: era a Delegacia da Mulher com maior número de inquéritos por habitante de todo o Paraná. O objetivo era diminuir o número de investigações e dar maior celeridade aos procedimentos. “Conseguimos reduzir em dois terços o acervo de inquéritos policiais em andamento.”
Foi um grande desafio fazer frente a essa demanda, levando em conta o quadro de servidores, dois ou três, no máximo. Mas o saldo foi positivo. “Conseguimos conferir maior rapidez às investigações e fizemos bastantes melhorias na estrutura física.”
Fernanda Bertoco Mello citou a criação de uma brinquedoteca, um espaço apropriado para que as mães deixassem as crianças enquanto prestavam as oitivas. Muitas mulheres não tinham para onde levar os filhos, e não seria adequado permitir que ouvissem o relato de violência, pois também seriam vitimizadas.
Melhorias na estrutura permitiram tornar o ambiente mais agradável, uma delegacia mais humanizada, com tratamento diferenciado, disse a delegada, destacando normalmente as pessoas que buscam atendimento enfrentam condições de vulnerabilidade.
Proteção à mulher – A delegada lembrou que em 2016, quando chegou a Paranavaí, apenas o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDC) auxiliavam nos atendimentos psicológicos e assistenciais às mulheres em situação de violência.
Com o tempo, a rede de proteção foi crescendo e Paranavaí passou a contar com o Núcleo Maria da Penha (Numape), da Universidade Estadual do Paraná (Unespar); a Patrulha Maria da Penha, da Polícia Militar; componentes do Ministério Público; e o setor de saúde.
Tudo isso permitiu estabelecer um vínculo “para que todos esses serviços andassem juntos”, avaliou Fernanda Bertoco Mello. Segundo ela, a estrutura de atendimento às mulheres vítimas de violência criada em Paranavaí é referência. “Umuarama não tem uma rede de proteção tão forte.”