Quem hoje conhece Camile Just, empreendedora premiada que já treinou mais de 12 mil mulheres no Brasil e no exterior, não imagina que essa mudança chegou há menos de sete anos. Até 2015, Camile trabalhava como gerente de uma loja de shopping, em regime CLT, era submetida a longas e extenuantes jornadas de trabalho e sonhava com tempo de qualidade com a filha – na época com 10 anos.
Foi a necessidade de ficar mais tempo com a pequena, que fez Camile repensar sua vida e perceber que precisava mudar. “Eu decidi que eu queria um trabalho que me desse mais liberdade, mais realização. Eu não me sentia feliz no mercado formal de trabalho, queria passar mais tempo com a minha filha e explorar outros talentos”, conta.
Foi aí que Camile juntou todas as suas competências, teve a ideia de formatar o trabalho de assistente virtual e empreender. Mas, não foi tão simples assim. Conforme a pesquisa Mulheres Empreendedoras 2021, feita pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora, esse caminho é mais difícil para elas. Segundo o levantamento, 79% das mulheres afirmam que funções relacionadas a cuidados da casa e dos filhos atrapalham mais elas do que eles na hora de empreender. Logo, buscar uma forma de empreendedorismo sem horários fixos é uma maneira de contornar essa situação.
Atenta às próprias dificuldades, Camile Just criou uma atividade que pudesse ser desenvolvida concomitante com os afazeres relacionados à família. A nova profissão proporcionou independência financeira para ela que, com sucesso pessoal, desenvolveu um curso para treinar outras mulheres. “No início da pandemia, quando muitas delas ficaram desempregadas, puderam se redescobrir prestando serviços on-line e se empoderaram disso”, lembra.
De acordo com o Relatório de Empreendedorismo no Brasil 2020 da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizado pelo Sebrae e o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ), quase 55% das mulheres tiveram que recorrer ao empreendedorismo por não encontrar outro meio para ter uma renda. Elas representaram ainda 55,5% dos empreendedores nascentes (com até três meses de atividade) naquele ano. “Embora a maioria das mulheres comece a empreender por necessidade, elas ainda assim conseguem descobrir sua força interior, o que fortalece a sua autoestima”, afirma Camile Just.
A empreendedora conta que é bastante procurada por mulheres que estão há muito tempo fora do mercado de trabalho ou não têm uma graduação. “Elas acabam descobrindo que podem ter uma carreira, condição que nem haviam imaginado”, relata.
Rede de Apoio – Uma característica relevante do empreendedorismo feminino são as redes de apoio e incentivo que existem: mulheres que empreendem e reinventam suas vidas sempre pensam em ajudar outras a transformar a realidade. De acordo a pesquisa do Instituto Rede Mulher Empreendedora, 45% das empresas lideradas por mulheres são majoritariamente femininas contra 21% das empresas lideradas pelos homens.
Camile Just relata como foi orientar outras mulheres a desenvolverem suas carreiras. “Comecei a dar ouvidos a essas mulheres, a prepará-las e hoje recebo testemunhos de empoderamento tanto financeiro quanto pessoal. Pelo empreendedorismo, muitas mulheres conseguem tomar as rédeas da sua vida e da sua carreira.”