REINALDO SILVA
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A pandemia de Covid-19 deixou um grande déficit nos caixas da Santa Casa de Paranavaí. “Saímos com um prejuízo enorme, estamos no pior período financeiro”, avaliou o diretor-geral Héracles Alencar Arrais. O problema aqui é o mesmo que enfrentam hospitais de todo o Brasil. “Se continuar como está, vamos entrar em situação de caos.”
As dificuldades já existiam e se agravaram em 2020, quando as cirurgias eletivas foram suspensas para que a Santa Casa tivesse leitos e equipes suficientes e disponíveis exclusivamente para atender os pacientes com Covid-19.
Naquele ano, o primeiro da pandemia, o Governo Federal repassou aproximadamente R$ 3 milhões para a Santa Casa. As doações da comunidade também foram imprescindíveis para manter a saúde financeira do hospital e totalizaram quase R$ 1 milhão.
Em 2021, não vieram recursos extras do Ministério da Saúde, e o volume de contribuições caiu de forma expressiva, apenas R$ 75 mil. “Fechamos o ano com saldo negativo”, disse Arrais, destacando que as cirurgias eletivas, então suspensas, representam grande parte das receitas do hospital.
Os procedimentos cirúrgicos foram retomados, mas isso não foi suficiente para reequilibrar o caixa. Faltam produtos para as atividades do dia a dia, os preços subiram e as contas com fornecedores se avolumam.
Arrais citou o exemplo do dipirona, um anti-inflamatório com ação antialérgica e antitérmica. O medicamento custava R$ 0,97 e passou para R$ 5,70. Antes, a Santa Casa pagava R$ 4,00 pela bolsa de soro, agora o mesmo produto custa R$ 17,90, com 70 a 80 dias para a entrega.
A preocupação da diretoria é que chegue ao ponto de ser necessário suspender serviços e reduzir o número de cirurgias por falta de insumos, como aconteceu na Santa Casa de Campo Mourão. Em recente entrevista coletiva à imprensa, a diretoria daquele hospital informou que a medida foi tomada para preservar os atendimentos de urgência e emergência.
Na avaliação de Arrais, é preciso considerar também a defasagem dos valores pagos pelo Sistema Único de Saúde. “Todos os anos aplicamos os reajustes salariais, os produtos sobem de preço, mas o repasse do SUS continua o mesmo. Não existe milagre.”
O diretor-geral da Santa Casa de Paranavaí garantiu que a diretoria está buscando alternativas para amenizar a crise e manter todas as atividades, sem prejuízos para a população do Noroeste do Paraná. Uma das propostas é iniciar uma campanha de mobilização da comunidade para que volte a fazer doações, como aconteceu em 2020. O assunto deverá ser discutido na próxima semana.