A Síndrome de Asperger é um Transtorno do Espectro Autista (TEA) que afeta a interação social e a comunicação, especialmente na infância. Pessoas com Asperger têm dificuldade em entender e interpretar as emoções e os comportamentos sociais. Alguns destes traços também podem ser notados em pessoas com alto QI, no entanto, as condições não estão interligadas.
É o que conclui o estudo realizado pelo Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, membro da Society For Neuroscience nos Estados Unidos em parceria com a Doutora em Psicologia pela USP e especialista em autismo Natalie Banaskiwitz, e publicada na revista científica “Caderno Pedagógico”, da plataforma Sucupira. O neurocientista luso-brasileiro é especialista em genômica e referência em inteligência e alto QI, tendo mais de 50 estudos publicados, membro de 9 sociedades de alto QI e presidente de duas dessas sociedades. Também fornece consultoria para mais de 30 famílias com superdotados.
Predisposição ao autismo e superdotação
O estudo observou que há relações entre a alta predisposição genética da síndrome de Asperger e a superdotação, no entanto, é necessário observar as diferenças entre as condições para evitar diagnósticos imprecisos.
“Autistas geralmente têm maior dificuldade de interação social causada pelas especificidades do seu cérebro, mas pessoas com alto QI também podem apresentar esses traços, mas neste caso, causadas por uma necessidade de mascarar suas habilidades para ser mais socialmente aceitos e se afastar por não ser compreendido em relações sociais”.
“Apesar dessa similaridade, existem várias diferenças neurocientíficas nas duas condições, por exemplo, enquanto no autismo há uma hipoconectividade cerebral, que dificulta a comunicação entre os hemisférios, o superdotado possui hiperconectividade”, afirma Dr. Fabiano de Abreu.
“Há indivíduos com a síndrome que apresentam QI excepcionalmente altos, demonstrando superdotação; muitos são os cientistas, artistas, esportistas e empresários de sucesso que foram diagnosticados com Asperger ou apresentam comportamentos, como Anthony Hopkins, Susan Boyle, Elon Musk, Isaac Newton e Albert Einstein”, afirma o estudo.
“Apesar das similaridades entre indivíduos com as duas condições e elas possam ser encontradas juntas, em sua maioria, elas têm diferenças”.
Apesar da relação, as condições podem variar – “Pessoas com Asperger apresentam similaridades em comportamentos com pessoas superdotadas por compartilharem de algumas características provenientes da genética e estrutura cerebral mesmo com divergências, porém, em sua maioria, são diferentes”.
“Muitos diagnosticados com Asperger são acima da média, com discrepância em percentil de QI. Concluímos que muitos superdotados, ou são Asperger, ou possuem os genes que corroboram com alta predisposição, por isso tal semelhança. Obviamente, nem todos apresentaram comportamentos relacionados, o que é perfeitamente normal. Resumidamente, muitos Asperger são superdotados, mas nem todos superdotados são Aspergers”.
“A estrutura cerebral de pessoas com alto QI e Asperger são mais próximas do TEA de baixo funcionamento, porém com algumas áreas trabalhando de modo diferenciado, com maior volume e conexões”.