BEATRIZ CESARINI
DA UOL/FOLHAPRESS
O tênis leva Bia Haddad Maia para inúmeros países diferentes e lugares incríveis, mas todos longe de seu lar. É por isso que nos raros momentos que tem um tempinho livre em São Paulo, a brasileira corre para o seu lugar preferido: o sofá da avó Miminha. E não é só isso: ela também curte a geladeira e o piano da vovó.
Na última sequência de jogos em que fez história ao chegar na semifinal de Roland Garros e nas oitavas de Wimbledon, Bia passou três meses na Europa. Ela se manteve focada em treinos e jogos e a única coisa em que pensava era na família.
“O sofá da sala da minha vó, a geladeira dela e o piano dela são os lugares onde passo o maior tempo quando estou em São Paulo. Eu sou extremamente caseira e a relação com a minha família é tudo. São as pessoas que eu lembro quando cumprimento uma adversária assim que o jogo acaba. Eu penso em como meus avós estão, como minha família está”, comentou Bia durante entrevista no Brasil.
Foi em seu último jogo em Wimbledon que Bia desejava presentar os 90 anos de Miminha -“também” conhecida como dona Arlete- com a vitória. Não saiu como o esperado, porque a tenista abandonou a partida contra Elena Rybakina após sentir uma contratura na lombar.
“Aquela dor foi algo que não saiu da minha cabeça. Foi um movimento muito simples, algo que eu faço várias vezes ao dia. O primeiro sentimento foi a dor muito forte e depois a tristeza. Eu tive que dialogar comigo mesma e refletir, saber o que estava sentindo e ver se aquilo ia me permitir jogar em alto nível naquela quadra diante daquela adversária. Quando comecei a andar e vi que não estava 20% do que poderia, vi que não ia ser daquela vez”, descreveu a atleta.
O presente que ela queria não veio, mas a avó ficou bem orgulhosa. E foi, então, que os olhos de Bia brilharam novamente durante a entrevista coletiva, quando ela teceu elogios à Miminha, que acorda cedo semanalmente para praticar tênis e outras atividades. Ela e os outros avós são a inspiração da tenista.
“A Miminha fez 90 anos no dia do jogo. Ontem [18 de julho], eu apareci no treino dela de surpresa: ela joga todas as terça, às 7 horas da manhã. Fui assisti-la jogar. Ela sempre foi uma pessoa que trouxe muita força para nós, é muito disciplinada, tem sua rotina no tênis, natação, alongamento. É superativa com os 90 anos e, às vezes, a gente até esquece”, contou Bia Haddad.
Os hobbies durante competições – Bia ficou nos holofotes do Brasil e do mundo durante os últimos três meses graças aos resultados marcantes. Para manter a concentração, a tenista construiu uma rotina com foco em seus passatempos favoritos.
“Quando eu estou nas competições, eu não abro as redes sociais. Se tem alguma coisa importante, a pessoa que trabalha comigo me passa, mas o meu foco é no meu dia a dia. Independentemente de se eu for jogar com a Jabeur nas quartas de final, eu estou lá no tratamento, no nosso apartamento e lá a gente janta juntos, joga um jogo de tabuleiro, cartas e conversa. Eu também gosto de pintar e, às vezes, tocar um instrumento. É uma rotina com foco no presente”, contou Bia.
“Tem de fazer coisas que deixam o telefone de lado. Até peço desculpas para as pessoas que me escrevem, porque eu não respondo, eu realmente não abro o celular porque a minha prioridade é a minha carreira, é o meu momento, é no que eu gostaria de gastar toda a minha energia atualmente”, acrescentou.
Os próximos passos – Recuperada da contratura nas costas, Bia, agora, se prepara para uma nova sequência que a levará a mais um Grand Slam, o US Open. Em agosto, a brasileira disputa o WTA de Montreal e, depois, o de Cincinnati.
“Meu primeiro objetivo é o mesmo em todos os Grand Slams: ser justa comigo. Saber que as primeiras rodadas são mais duras e ninguém quer ir embora mais cedo. Meu objetivo é chegar na segunda semana do US Open.