REINALDO SILVA
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Foram cinco dias sem qualquer contato, sem saber em que condições estavam. Cinco dias de angústia. A tradicional família Hobold do Distrito de Graciosa, em Paranavaí, viveu momentos de desespero em busca de notícias de duas pessoas que estavam em Brasília no dia 8 de janeiro, quando a Praça dos Três Poderes foi invadida e os prédios públicos vandalizados.
Liderança da comunidade, Mateus Hobold contou que conseguiu falar com um deles na segunda-feira (9), depois de ser detido. Então, passaria por uma triagem e seria levado para um ginásio de esportes, com mais de 1.600 presos. Novas informações vieram somente na sexta-feira (13), transmitidas pela advogada.
Hobold chegou a escrever uma carta destinada aos senadores paranaenses. Explicou a situação e fez um apelo: “Suplico-vos, para que gestionem o relaxamento das prisões, mantendo-os, sob vigilância residencial, até o julgamento da participação individual e do mérito”. Lamentou a falta de resposta.
No documento endereçado aos parlamentares, o titular do Serviço Notarial Distrital de Graciosa contou que tentou impedir a ida do familiar Brasília, mas sem sucesso. Ele teria sido induzido a viajar até a capital federal.
“Ele garantiu-me que permaneceu no QG, porque não concordava em sair da frente dos quartéis, e o fator relevante foi o fato de que ele havia feito cirurgia de joelho recentemente, não podendo caminhar muito (motivo a mais para não ter ido a Brasília), por isso também não desceu até a Explanada”, escreveu Mateus Hobold sobre o familiar.
A carta segue: “Prenderam a todos, indistintamente, e de forma arbitrária estão mantendo-os sem direito a comunicação com a família. As famílias estão em desespero com tanta atrocidade”.
Agora, esperam pela decisão judicial. A expectativa é que até sexta-feira (20), a situação de todos os presos seja analisada. “Estamos acompanhando a divulgação dos nomes das pessoas liberadas”, disse Mateus Hobold ao Diário do Noroeste.
8 de janeiro – Na tarde de 8 de janeiro, bolsonaristas contrários ao resultado das eleições presidenciais de 2022 se reuniram em Brasília. Contestaram a legitimidade das urnas eletrônicas, pedindo informações sobre o processo de apuração. O discurso ganhou forças na voz do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, que concorreu à reeleição e perdeu para Luiz Inácio Lula da Silva.
Estavam reunidos no QG do Exército e seguiram para a Praça dos Três Poderes, onde ficam o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Ultrapassaram as barreiras policiais e invadiram os três prédios. Depredaram patrimônio público, destruíram objetos históricos, danificaram obras de arte.
O quebra-quebra terminou com a chegada do reforço policial horas depois. Parte dos que praticaram atos de vandalismo foi presa. A polícia também levou pessoas que estavam nas ruas e na frente do QG.