Jesus convida para “Vir” e “Ver”. “Vir” significa o passo da fé e “Ver” é ter a visão da fé. Quem faz ess itinerário acaba sendo convidado e iniciado por Cristo. Isso passa a contagiar os outros na fé, porque acontece uma partilha de descobertas.
Voltando-se para eles e vendo que o estavam seguindo, Jesus perguntou: “O que estais procurando?”. A princípio os dois o acompanham de longe; depois apertam o passo a fim de se aproximarem. Percebendo sua presença, Nosso Senhor volta-se para eles e lhes dirige a palavra. É a primeira vez que a voz do Redentor se faz ouvir no evangelho de São João.
“O que estais procurando”?”perguntou-lhes. Mais do que obter uma resposta, que enquanto Deus já conhecia Jesus desejava dar àqueles discípulos a oportunidade de estreitarem os laços com Ele e, sobretudo, de explicitarem para si mesmos, com clareza o que buscavam. Eles disseram “Rabi – que quer dizer Mestre-, onde moras?” Ao chamá-Lo “Rabi” São João e Santo André manifestam o desejo de serem seus discípulos, aprender sua doutrina, seguir sua doutrina, seguir sua escola espiritual. E esse anseio é corroborado pela pergunta: “Onde moras?”. Com efeito, desejavam os dois apenas conhecer o local em que Jesus vivia? Na realidade ambos queriam visitar o Mestre e estar em sua companhia, pois naquele tempo o aprendizado se dava sobretudo no convívio.
O prêmio reservado aos que O buscam, Jesus respondeu: “Vinde ver”. Foram, pois, ver onde Ele morava e nesse dia permaneceram com Ele. Era por volta das quatro da tarde.
Nosso Senhor não lhes indica a localização de uma moradia física, mas os convida a conviver com Ele.
Como teria sido o dia de Jesus em que os dois discípulos teriam convivido com Ele? Depois do tempo de oração, talvez uma presença na sinagoga, uma cura de um doente, um exorcismo, uma parábola contada, um ensinamento, refeição com pobres e excluídos, ensina sobre o perdão dos pecados, fala do Reino dos Céus, da alegria de quem encontrou “um tesouro”, uma “pérola preciosa”, falou do amor do Pai pelos homens, do Amor misericordioso que estava se manifestando. Os discípulos viram, ouviram, aprenderam.
Jesus inaugurou uma notável expansão do ministério do reino, aqueles que o seguiram como discípulos são logo enviados como apóstolos em missão, como testemunhas daquilo que experienciaram. Os apóstolos tinham estado com o seu Senhor, aprendendo através de seus discursos públicos e explicações particulares e adquirindo assim inestimável experiência e treinamento através do privilégio dessa abençoada companhia.
O propósito “para que estivessem com ele, e os mandasse a pregar”. Eles haviam sidos alunos sob os cuidados, orientação do Mestre. Algumas instruções são dadas em vista de uma missão.
O próprio desses discípulos não é aprender as ideias defendidas por seu Mestre, mas “Seguir” Jesus e viver com Ele a acolhida do Reino de Deus.
Os gestos de Jesus são os de um profeta que deseja curar a enfermidade, expulsar o mal e comunicar a todos a proximidade salvadora de Deus.
Jesus e seus discípulos vivem acolhendo o Reino de Deus e proclamando seu amor e sua justiça. O que se respira junto de Jesus é inusitado, algo verdadeiramente único, sua presença tudo enche.
O decisivo é sua pessoa, sua vida inteira, o mistério do profeta que vive curando, acolhendo, perdoando, libertando do mal, amando apaixonadamente as pessoas acima de toda a Lei. E sugerindo a todos que Deus está irrompendo em suas vidas é assim amor insondável e só amor.
“O que vocês estão procurando?” Esta pergunta, feita outrora a dois discípulos de João Batista, Jesus faz a todos nós. Estamos procurando Jesus. Buscamos um sentido para nossa vida pessoal e comunitária. Hoje, nós também, queremos dizer ao Senhor: “Fala, que teu servo escuta”.
Em geral, no início de nossa vida, e ao longo da caminhada na fé, há o testemunho de alguém que nos apontou a pessoa de Jesus. Como fez João Batista com seus dois discípulos, em seguida André que encontra seu irmão Simão, Felipe que encontra Natanael; “Encontramos o Messias”, é o testemunho da experiência feita.
Frei Filomeno dos Santos O.Carm.