REINALDO SILVA
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Diariamente, a equipe do núcleo regional da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) faz a cotação de diferentes produtos, apontando preços mínimos, médios e máximos. Ontem, a tonelada da raiz de mandioca chegou a R$ 939,60. O valor representa 125% a mais do que no dia 7 de julho de 2021, R$ 417.
A correção tem sido gradativa, desde o ano passado, e se deve a uma série de fatores que interferem direta ou indiretamente nos custos de produção. Um dos problemas enfrentados pelos mandiocultores é a alta dos insumos e dos custos para o transporte, muitas vezes cotados em dólar. Ontem, a moeda estadunidense equivalia a R$ 5,34.
É preciso considerar, também, o baixo teor de amido na raiz, que eleva a média de renda do produtor, mas limita a oferta uma vez que a indústria precisa comprar mais para suprir a demanda. Normalmente, nesta época não há variação na qualidade da mandioca, mas as lavouras ainda se recuperam da longa estiagem que atingiu o Paraná em anos anteriores.
Presidente do Sindicato Rural de Paranavaí e diretor da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e do Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná (Simp), Ivo Pierin Júnior explica que uma das formas encontradas pelo produtor para administrar esses reveses é o atraso da colheita, na esperança de que o preço chegue a patamares mais elevados.
A prática não é recomendável, na medida em que desequilibra toda a cadeia produtiva. A orientação é que o mandiocultor calcule as necessidades de recursos e faça o planejamento de parcelas de vendas. “Procure fazer a média. Se esperar o pico, poderá enfrentar uma inversão do mercado, com a redução dos preços”, pondera Pierin Júnior, acrescentando que ainda é cedo para falar em mudanças – para cima ou para baixo.
Indústria – Os valores elevados da raiz de mandioca têm reflexos sobre a produção industrial e os constantes reajustes podem desequilibrar os caixas de empresas menores ou menos preparadas financeiramente.
Para ilustrar: imagine que a produção semanal de uma indústria equivalia a R$ 100 mil, sendo R$ 80 mil para a compra de matéria-prima e insumos e R$ 20 mil de lucro. Se no período seguinte os custos subirem para R$ 88 mil, a margem de lucro cairá para R$ 12 mil e desestabilizará todo o planejamento.
Uma alternativa encontrada pelo setor para tentar amenizar os impactos é recorrer aos bancos e cobrir a diferença através de empréstimos, financiamentos ou linhas de crédito, nem sempre favoráveis para os empresários.
Produção de mandioca – Em 2021, a produção nacional de raiz de mandioca foi de 18,49 milhões de toneladas, 2,5% a mais do que o número estimado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítisca (IBGE) para este ano, 18,03 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo, houve incremento de 1,19% na área plantada e 1,13% na área colhida.
O Paraná é o segundo Estado com maior produção de mandioca no Brasil, atrás apenas do Pará. A Bahia ocupa a terceira posição. De acordo com a Seab, o Paraná é líder nacional na industrialização, principalmente na produção de fécula de mandioca, com 60% do parque industrial de todo o território brasileiro.
Ainda de acordo com a Seab, na safra de 2020/21, a área ocupada com mandioca no Paraná foi de 143 mil hectares, com 70% da produção estadual destinada às fábricas de fécula, farinha e polvilho azeda. A distribuição espacial se concentrou nos núcleos regionais de Umuarama (35%), Paranavaí (29%), Campo Mourão (9%) e Toledo (6%).