Maior produtor de feijão do Brasil, o Paraná se prepara para concluir a colheita da segunda safra do grão (safra seca) em meio às incertezas em relação à qualidade e produtividade. Isso porque problemas climáticos como geada em maio e chuvas que permaneceram até as primeiras semanas de junho vão afetar a qualidade da produção que está sendo colhida.
“Com a chuva, mudou tudo. Esperava-se um pouco de perda na produtividade e na qualidade. Depois da chuva, deve haver prejuízos consideráveis”, observa o técnico do Departamento de Economia Rural (Deral), Methodio Groxko.
Em Castro, nos Campos Gerais, o produtor e presidente do sindicato rural local, Eduardo Medeiros, já colheu 70% da área destinada ao feijão carioca. “O preço está bom, mas a colheita, com essas chuvas que caíram, foi prejudicada, com perda de qualidade. Não parou de chover e ainda tem muito feijão em campo para colher”, avalia.
Aposta – A novidade nesta temporada é a opção dos produtores paranaenses pelo cultivo do feijão preto na segunda safra. Normalmente a proporção fica em torno de 40% de preto contra 60% do carioca. Porém, este ano, mirando os bons preços que o mercado sinalizava, cerca de 70% das lavouras escolheram o feijão preto.
Em Prudentópolis, um dos maiores produtores de feijão do país, a tradição é pelo grão preto. Segundo o produtor e presidente do sindicato rural do município, Edimilson Rickli, normalmente apenas 5% das lavouras optam pelo tipo carioca na região. Na sua opinião, a troca do carioca pelo feijão preto em muitas lavouras do Paraná se explica por uma visão imediatista.
“Como estava com um preço inferior o carioca, houve um efeito manada e os produtores migraram para o preto. Só que aí inverteu, o preto teve excesso de produção e o preço caiu”, observa. “A dificuldade do carioca é que tem que colher e vender, não permite armazenar. Já o preto permite segurar por uns seis meses”, completa Rickli.
Para quem optou pelo feijão preto e já colheu, o dirigente de Prudentópolis aconselha cautela. “Esse é o momento de esperar. O produtor que puder segurar um pouco mais, de repente consegue um preço um pouco melhor”, observa Rickli.
Em relação a esta opção, o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe) Marcelo Lüders, atenta que o feijão preto, diferentemente do carioca, tem a opção de ser exportado.
“O setor começa a entender que é importante produzir feijões que tenham mercado internacional. O feijão preto, inclusive, nós importamos todos os anos. Este ano importaríamos menos, mas como houve quebra e maior consumo por termos menos carioca, não haverá exportação e vamos importar normalmente”, observa.