A produção industrial paranaense acumula alta de 11,2% este ano, segundo dados de janeiro a outubro, divulgados nesta semana (dia 9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é o terceiro melhor do país – superado apenas por Santa Catarina e Minas Gerais – e foi puxado especialmente pelo setor de máquinas e equipamentos, que no mesmo período registrou 63,6% de crescimento.
“Este desempenho deve estar relacionado à demanda da atividade no campo”, sinaliza o economista da Federação das indústrias do Paraná (Fiep), Marcelo Alves. Na sequência destacam-se o automotivo (36,3%), madeira (29,2%), produtos de metal (24,3%) e minerais não-metálicos (15,7%). Das 13 atividades acompanhadas pelo IBGE, duas caíram. Alimentos (-6,5%) e celulose e papel (-1%).
Os números do estado são favoráveis, mas mostram que o ritmo de crescimento vem caindo desde maio, quando chegou a 20%, o maior patamar do ano. Em setembro, o índice foi de 13,4%. Nos últimos 12 meses o estado tem elevação de 12% na produção e, na comparação com setembro, 0,6%. Os resultados do Paraná superam com folga o desempenho nacional. No Brasil, a produção da indústria fechou em queda de 0,6% na avaliação contra setembro e, tanto no ano quanto na análise dos últimos 12 meses, a alta é bem menor, 5,7%.
Nos últimos 12 meses o estado teve elevação de 12% na produção industrial. (Crédito: Gilson Abreu)
O que preocupa mais tanto na avaliação nacional quanto na do Paraná são as quedas expressivas com relação a outubro de 2020. A produção industrial do país encolheu 7,8% e a do Paraná 4,9% nesta comparação. “O que pode explicar este movimento é o resultado do último trimestre do ano passado, quando a indústria estava em plena recuperação das perdas geradas pelo baque da pandemia da Covid-19”, argumenta. “A base de comparação é alta, ou seja, mesmo com um bom desempenho agora, o resultado não é suficientemente forte para superar a retomada acelerada daquele período”, argumenta Alves.
Para Thiago Quadros, também economista da Fiep, fatores macroeconômicos podem ter interferido nessa redução do ritmo de produção. “A inflação e o desemprego altos no país têm como consequência o aumento no preço dos produtos e a queda no poder de consumo, respectivamente. E isso interfere na demanda de produção das indústrias”, analisa.
A disparada na conta de energia elétrica e na cotação do dólar, que influencia na compra de matéria-prima importada para produção, encareceram o produto entregue pela indústria ao consumidor final. “A elevação a cada encontro do Copom da taxa básica de juros (Selic), que torna o custo para tomada de recursos para capital de giro e para investimento mais alto, também contribuiu para os resultados reduzidos de outubro”, completa.
Dos 13 segmentos avaliados pelo IBGE, apenas três tiveram performance positiva em outubro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Produtos químicos (25,3%), máquinas e equipamentos (9,8%) e celulose e papel (4,5%). Os mais prejudicados nesse período foram móveis, com retração de 23,3%, seguido por máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-17,7%), minerais não-metálicos (-15,1%), produtos de metal (-12,2%) e alimentos (-10,7%). “Curiosamente estas atividades tiveram bom desempenho no ano passado quando as pessoas estavam em homeoffice e se dedicaram mais a equipar e melhorar as condições para o trabalho remoto”, relembra Thiago.
Segundo ele, os dados da produção industrial do Paraná ainda são bastante positivos e superam com folga muitos estados industrializados e o resultado nacional. “Porém, vemos que o maior crescimento econômico de 2021 ocorreu no primeiro semestre. Agora o momento é de desaceleração, justificado principalmente pelas questões de conjuntura macroeconômica e pelo cenário de incertezas com relação ao controle da pandemia no Brasil”, conclui o economista Thiago Quadros.