Aproximadamente 2.800 caixas de 10 quilos de uvas passas contaminadas, um total de 28 toneladas do produto, chegaram ontem à noite (18/4) ao porto seco Multilog, em Foz do Iguaçu, no Paraná. A carga originária de Rosário, na província de Santa Fé, na Argentina, entrou por São Borja, no Rio Grande do Sul, e tinha como destino a cidade de Camboriú, em Santa Catarina.
Após inspeção feita por auditores fiscais federais agropecuários (affas) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), responsáveis pela fiscalização e garantia da qualidade e segurança de mercadorias que entram e saem do país, o produto foi encaminhado para análise laboratorial. A avalição detectou a presença da substância ocratoxina, um tipo de toxina produzida por fungos que se desenvolvem por falta de boas práticas de secagem e armazenamento. A quantidade encontrada na uva passa equivale a quase o triplo do permitido pela legislação brasileira. Por definição do proprietário exportador, o material foi encaminhado à Foz do Iguaçu para que seja devolvido, com as devidas sanções, ao país de origem.
Segundo a Delegacia Sindical do Affas no Paraná, esta foi a terceira operação envolvendo produtos alimentares irregulares em duas semanas na fronteira do Paraná. Há 15 dias, uma carga de mais de 20 mil litros de azeite de oliva irregular foi interceptada na região, assim como 52 toneladas de farinha de trigo contaminada com insetos, urina e dejetos de ratos. Todas foram inspecionadas por affas e devolvidas ao exportador para providências. Também na semana passada, houve uma interceptação de insetos em pallets de madeira numa carga de carne e inconformidades em nove cargas de agrotóxicos, com pallets fora dos padrões da legislação brasileira, que poderiam gerar riscos à saúde humana e ao meio ambiente.
No caso das uvas passas, elas seriam utilizadas na produção de produtos de confeitaria, como panetone, cucas, bolos, biscoitos, pães e doces, assim como embaladas para o consumidor final em sachês, iogurtes, bebidas lácteas ou como ingrediente de refeições oferecidas em restaurantes. Numa analogia simples, a quantidade de frutas apreendidas seria suficiente para integrar cerca de 600 mil panetones.
A ocratoxina é uma substância microscópica nociva à saúde humana quando consumida em quantidades significativas e pode causar intoxicação alimentar severa, além de problemas renais e câncer. Trata-se de uma toxina produzida por fungos que podem contaminar alimentos como grãos, cafés e uvas.
A carga vai permanecer no posto de fiscalização de Foz do Iguaçu, no Porto Multilog, até que seja cumprido o trâmite de liberação que leva em torno de 10 dias. Depois, a mercadoria segue diretamente para a Argentina, onde as autoridades serão responsáveis pelo destino do produto.