Por isso, nós Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo – interrogamo-nos e perguntamo-nos quais são, entre tanta variedade de carismas e vocações, as características que dão à família religiosa a sua fisionomia própria na Igreja. (nº 6 – Constituições)
Nº 7 – No tempo das Cruzadas na Terra Santa, fixaram-se, em vários lugares da Palestina, alguns eremitas. Alguns desses, “à imitação do profeta Elias, homem santo e amante da solidão, levavam vida solitária no Monte Carmelo, perto de uma fonte, chamada Fonte de Elias. Nas pequenas celas, semelhantes a colmeias, como abelhas do Senhor recolhiam o mel divino da doçura espiritual”.. (Jaques de Vitry, História Orientalis).
Nº 8 – A pedido dos mesmos eremitas, Santo Alberto, patriarca de Jerusalém, reuniu-os num único “collegium” e deu-lhes uma forma de vida segundo o seu ideal (“Propositum”) eremítico e correspondente ao espírito da assim designada peregrinação à Terra Santa e da comunidade primitiva de Jerusalém. (Regra 7, 14,10, – com At 2,42-46; 4,32-36). Estes eremitas, de fato, impelidos “pelo amor à Terra Santa, tinham-se consagrado nela Àquele que a tinha conquistado com a efusão do seu sangue, para servi-Lo sob o habito da religião e da pobreza, permanecendo “em santa penitência e formando uma comunidade fraterna.
Nº 9 – Essa forma de vida foi aprovada sucessivamente por Honório III, em 1226, por Gregório IX, em 1229, e por Inocêncio IV, em 1245.
Nº 10 – A aprovação da Regra, feita por Inocêncio IV, fez com que os Carmelitas se colocassem ao serviço da Igreja, seguindo o ideal comum dos Mendicantes, ou então das ordens de fraternidade apostólica, conservando todavia a especificidade do seu carisma inicial, que refulgiu como a prerrogativa do Carmelo no decorrer dos séculos, quer entre os seus membros quer na Igreja, graças especialmente aos mestres de vida espiritual, que Deus suscitou na Ordem.
Nº 14 – “Viver em obséquio de Jesus Cristo e servi-Lo fielmente com coração puro e consciência reta”: esta frase de inspiração paulina é a matriz de todos os componentes do nosso carisma e a base sobre a qual Alberto construiu o nosso projeto de vida. (Regra, Prólogo; 2Cor 10,5; 1Tm 1,5)
A introdução da Regra do Carmo…
A saudação inicial é um prolongamento da Bíblia. Apresenta a Regra como sendo a atualização da Palavra de Deus para hoje. Revela ao mesmo tempo a autoridade da Regra ao informar que é obra do Patriarca de Jerusalém.
2 – “DE MUITAS E VARIADAS MANEIRAS…”
Quem quiser viver a vida religiosa tem múltipla escolha. Mas o grupo dos Carmelitas que foram falar com Alberto a escolha é uma só: para eles o que vale daqui para a frente é o que segue na carta.
Como já vimos, a introdução mostra que a Regra está em continuidade com a Tradição, pois faz alusão aos Santos Padres que, no passado, geraram a vida religiosa.
2 – “VIVER EM OBSÉQUIO DE JESUS CRISTO”
Vem de 2Cor 10,5. Era uma expressão usada naquele tempo para designar o novo tipo de vida que queriam levar.
É um termo feudal: “SERVIR AO SENHOR DA TERRA” (VIVER EM OBSÉQUIO DO SENHOR DA TERRA). OS CARMELITAS, PORÉM, SERVEM A JESUS, O SENHOR DA TERRA SANTA.
A expressão “viver em obséquio de Jesus” retoma e evoca a riqueza e densidade da expressão “SEGUIR JESUS”.
2 – “CORAÇÃO PURO E RETA CONSCIÊNCIA”
Vem de Timóteo 1,5 (1ª Carta)
Coração puro: felizes os puros de coração… não se trata da castidade, nem de ingenuidade. A “pureza de coração” é o ponto de chegada de uma longa luta. Ela indica a “constância espiritual e paz interior” que permite fazer o discernimento do espírito. Vem principalmente pela meditação constante da Palavra de Deus no interior da Cela e na vida comunitária.
O mesmo termo é retomado e explicado no capítulo 2 da “Instituição dos Primeiros Monges”.
10 – PERMANECER NA CELA, MEDITAR E VIGIAR…
O assunto é duplo:
– Permanecer na cela ou junto dela, a não ser que esteja ocupado em outras coisas justas. Isto diz respeito ao lugar onde deve estar o corpo.
– Meditar na Lei do Senhor sempre, e vigiar em orações, sempre, dia e noite. Isto diz respeito ao lugar onde deve estar a mente.
– trata-se de uma tarefa individual que cada um deve realizar dentro da comunidade. É a tradição da vida eremítica que aqui se prolonga. E a vida na solidão, enchida pela presença da Palavra do Senhor.
Frei Filomeno dos Santos O.Carm.