Meu velho pai, preste atenção no que lhe digo, meu pobre papai querido enxugue as lágrimas do rosto… Eu sou o sangue do seu sangue papaizinho, não vou lhe deixar sozinho, não tenha medo meu pai.
És um bom tipo meu velho… ora já caminho lento…
Depois de nove meses de espera e de repente aquele chorinho é alguém diz: é teu filho, parabéns, és Pai. Parece com você, tem os teus traços. Então ele cresceu e de repente ficou admirando, como é grande meu pai, como é forte. O primeiro balbuciar: Pa, Pa, papa.. “Meu Pai”.
Hoje quando o tempo passou e o meu pai já se foi, ficou na memória o seu jeito de ser e os ensinamentos que nos deixou. Mineiro, contador de causos, que nos fazia viajar nas asas da fantasia. Aquele bigode, cabelos brancos, os velhos sapatos, passo-double e vulcabrás, sandálias franciscanas. No velho rádio Semp de pilhas juntos escutávamos as histórias teatrais na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, as músicas populares de velhos cantores! O tempo passou, os passos se tornaram lentos, cabelos brancos e o pensamento no ritmo dos passos.
Que herança lhes deixou vosso pai? Que herança você está deixando para os seus filhos? Os seus filhos têm motivos de se orgulhar do seu pai? Os filhos são motivo de orgulho para os pais? Eles vêm nos filhos os seus sonhos realizados?
Um sonho de pai: “Quero que meu filho seja feliz, que tenha uma vida melhor da que eu tive. Que estude, seja Doutor, alguém na vida.
O velho carroceiro trabalhava diariamente com sacrifício, mas seus filhos tinham que estudar, se formar; então o filho se torna médico é o orgulho do Pai que vê seus sacrifícios recompensados.
Se perguntássemos aos jovens: “O que você espera de seus pais? Numa pesquisa as respostas foram:
Entre vocês e os filhos reine um certo espírito de camaradagem.
Respondam sempre às perguntas.
Mostrem-se a eles com esportividade e afeto.
Não lhes escondam a verdade.
Demonstrem uma afeição igual a todos os filhos.
Recebam os amigos dos filhos como se fossem os seus.
Não chamem à atenção dos filhos nem os castiguem na frente de outros jovens.
Ressaltem as boas qualidades dos seus filhos ao invés dos seus defeitos.
Sejam mutuamente compreensivos, pais e mães.
Não discutam nunca na presença dos filhos.
O que fazer neste tempo de Internet, celulares, como educar os filhos pra comunicação?
Fé quer dizer crer num outro. Crer em si é buscar no seu próprio mundo a explicação para viver. É muito pouco. É preciso refletir-se nos olhos de Deus, ver aí a imagem sonhada pelo Pai.
Fé é uma necessidade até para a convivência familiar: ir além do simples humano. A fé do pai no filho começa na decisão de chamá-lo à vida, é o risco de amar sem saber quem. É aceitar o filho com a riqueza de suas qualidades e também com a pobreza da pequenez dos talentos ou até mesmo da ausência de certos traços. É oferecer condições para a realização do filho sem querer impô-la, sobretudo justificando com a afirmação: “Quero que o meu filho seja o que eu não fui”.
Fé do Filho no pai começa por aceitar o testemunho deste sobre a sua paternidade. É o voto de confiança que se dá não tanto pela experiência dos anos vividos, mas com base no fato de se saber amado.
Tanto o pai como o filho precisam ter fé em Deus: acreditar que um para o outro é um dom do céu. Não houve escolha. Deus os fez um para o outro.
Frei Filomeno dos Santos O.Carm.