Aleksa Marques / Da Redação
“Vou morrer sem dançar nesse palco? Não mais”, disse Adriana Felippe Peres, dançarina e coreógrafa do grupo Maria Teresa. Ela faz parte das 28 mulheres que embarcam hoje à noite para a capital nacional da dança e o motivo é nobre: participar do Festival de Dança de Joinville.
Esse ano o Festival abriu uma nova categoria: 40+, para pessoas entre 40 e 59 anos e Adriana logo reuniu as companheiras de dança para a inscrição. Ela lembra que não bastava se inscrever, elas tiveram que enviar um vídeo e passar por uma pré-seleção e, entre milhares de grupos, o delas foi escolhido.
“É a realização de um sonho meu e também das meninas, pois todas trabalhamos, temos marido, filhos e ainda sim arrumamos tempo à noite e aos finais de semana para ensaiar. Estou muito orgulhosa de todas nós e me dei o direito de sentir orgulho de mim também”, falou Adriana que dança há quase 30 anos.
Ela conta que foi um enorme desafio para todas e que, às vezes, tinha que chamar a atenção da turma. Maria Alice Pereira, uma das dançarinas, tem 61 anos, pois o regulamento permite um certo número de integrantes com mais de 60, e está igualmente ansiosa, empenhada e extremamente emocionada, pois irá dançar no mesmo palco que um dia seu filho, Rafael Pereira de Oliveira, dançou. Hoje, ele está na Alemanha e também foi bailarino do Bolshoi. Um orgulho imenso.
“Temos um grupo no Whatsapp e estamos a todo momento enviando fotos da mala pronta. Com certeza viveremos momentos inesquecíveis nesses três dias que passaremos lá. Independentemente do resultado, já somos vencedoras. O Festival é para nós como a Copa do Mundo é para o futebol”, comparou. No ônibus vão junto alguns familiares que acompanharam e apoiaram os ensaios, o cabeleireiro e maquiador do time.
A dança como agente transformador
Adriana contou que todas as mulheres do grupo começaram a dançar após os 30 e que a dança mudou a vida de muitas delas. “Após uma certa idade, temos um domínio maior sobre o nosso corpo e a dança nos deixa mais segura. E se a autoestima está melhor, tudo fica melhor”, explicou.
Algumas pararam de tomar remédio, outras se sentiram mais poderosas, outras ainda conseguiram mudar a forma de agir dentro do casamento, tornando-se mais confiantes com o próprio marido e com elas mesmas.
E o Festival vem para coroar os anos de persistência e amor próprio. Na próxima quinta-feira (21), a partir das 15h30, as 28 representantes de Paranavaí subirão no palco para mostrar a coreografia aprendida, a emoção em suas veias e a paixão pela dança. Quem quiser assistir, pode acompanhar ao vivo pelo site do próprio festival clicando aqui.
O nome da coreografia é “Dancing Days”, inspirada na música das Frenéticas, clássico dos anos de 1970, que perdura até hoje, com direção de Maria Tereza e coreografia da Adriana Felippe Peres. Para adequar a dança ao número de pessoas, a Unespar cedeu o palco para que as meninas pudessem ensaiar. “Fizemos todo o possível e demos o nosso melhor”, finaliza.
Festival de Dança de Joinville
Após dois anos sem acontecer por conta da pandemia, o evento que reúne pessoas do mundo inteiro irá receber 9.397 inscritos, 1.462 coreografias nas mais diversas categorias e mais de 270 mil espectadores entre os dias 19 a 30 de julho. É, segundo o Guinness Book, o maior festival de dança do mundo entre número de bailarinos e espectadores. Além de espetáculos, o evento inclui cursos e oficinas para aperfeiçoamento profissional, workshops gratuitos para os coreógrafos inscritos no evento, seminários de dança, entre outros.