As últimas laranjas eram bonitas, suculentas e doces. Havia, porém, um problema: estavam nos galhos mais altos. Como eu poderia colhê-las? Atirei pedaços de pau, mas sem sucesso. Então, pensei: essas laranjas, por mais bonitas e doces que sejam, não têm valor algum se não estiverem em minhas mãos. Eu tinha um bom canivete no bolso, e minhas glândulas salivares estavam a ponto de provocar um dilúvio… O que fazer? Foi então que, impelido por um irresistível desejo de saborear as laranjas, tomei a decisão de subir e pegá-las com as próprias mãos.
A escalada, porém, não foi fácil, por causa dos espinhos. Além disso, os galhos, dos quais pendiam os frutos, eram finos. Mas, com o auxílio do canivete, eliminei os espinhos dos lugares em que deveria apoiar os pés e fixar as mãos. Mesmo assim, tomei várias “injeções” na cabeça, nos braços e no corpo. As agulhadas quase me levaram a desistir da escalada. Mas as glândulas salivares me diziam: Vá em frente; ou melhor, continue subindo!
Quando cheguei ao topo, tive que fazer muito esforço para não cair, pois o galho em que me apoiava, estava envergando. Naquela posição incômoda, os frutos pareciam se distanciar das minhas mãos. Finalmente, colhi a primeira laranja, que saboreei com sofreguidão. Não podendo permanecer lá em cima por mais tempo, colhi várias laranjas e as lancei ao solo. Quando eu estava sentado na relva, com um monte de laranjas à minha frente, concluí que tinha valido o esforço.
Essa aventura de meu tempo de infância é uma pálida representação das tribulações da vida. “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que não se veem são eternas”, diz o abnegado apóstolo Paulo em II Coríntios 4:17 e 18.
Ele enfrentou muitos espinhos em seu ministério. A lista de sofrimentos por que passou seria hoje motivo para uma veemente manifestação dos que empunham a bandeira dos direitos humanos. Na verdade, Paulo foi torturado muitas vezes. Mesmo assim, não perdeu a paciência. Continuou subindo, subindo, pois aspirava ao fruto da paz em Cristo.
Reflita sobre isso no dia de hoje e ore comigo agora:
Por favor, Pai, me ajude a suportar os espinhos desta vida. Às vezes, a caminhada não é fácil. A subida parece impossível de ser vencida. Por favor, que eu tenha fé, esperança e a certeza de um mundo melhor. Em nome de Jesus, amém!